Foto: EDS/ Divulgação
Água dos poços é utilizada, em grande maioria, para irrigar plantações nas comunidades rurais, além de outros usos domésticos
O Governo de Minas Gerais iniciou 2021 com avanços no Programa Água Doce (PAD) atingindo um total de 21 comunidades rurais do semiárido mineiro já atendidas pela ação de limpeza e testes de vazão em poços artesianos. Na última segunda-feira (18/01), os trabalhos foram iniciados em seis poços de comunidades de Mato Verde. Já foram concluídos os testes de vazão e a desobstrução em quatro poços de comunidades da zona rural de Espinosa e cinco poços em Monte Azul e, anteriormente, a equipe já havia concluído análises em três reservatórios de Rubelita e sete em Porteirinha.
Todos os municípios estão localizados no Norte de Minas, região do Estado em que é desenvolvido o PAD. A expectativa é de que até o início da próxima semana os trabalhos já estejam concluídos em Mato Verde, quando os 25 poços estarão com o trabalho concluído.
O Programa Água Doce é viabilizado por meio de um convênio firmado entre os governos Federal e Estadual e visa à implementação de tecnologias alternativas para atender, prioritariamente, as populações de baixa renda do semiárido brasileiro. Nessas regiões, cerca de 70% dos poços apresentam águas salobras ou salinas, e a água subterrânea, muitas vezes, é a única fonte disponível para as comunidades.
Durante a etapa de desobstrução e teste de vazão dos poços, a empresa licitada para a execução dos serviços realiza uma limpeza física e química do poço. São retirados materiais que atrapalham o funcionamento ideal do poço e reduzem a qualidade da água. Também são dimensionadas as membranas, canos e potência da bomba a ser utilizada no poço. Após esta limpeza são realizados, em 12 horas, os procedimentos dos testes de vazão com bombeamento de água e aferição das vazões, além das medições de qualidade da água e, por fim, a coleta de amostras.
O trabalho no poço, nesta etapa, é finalizado com a recuperação da base do reservatório e do tubo de saída de água e a implantação de uma tampa de alumínio, deixando o poço em perfeitas condições de uso à população. Posteriormente, as amostras de água coletadas são encaminhadas a laboratório para realização de análise físico/química em 54 substâncias e microbiológica.
Benefícios
As intervenções nos reservatórios de água nos municípios já têm gerado benefícios a mais de 2 mil pessoas que moram em áreas rurais do Norte mineiro. É o caso do produtor rural Antônio Pereira Santana, de 70 anos, morador da comunidade São Sebastião, em Monte Azul. Ele contou que a região, historicamente, sofre com os períodos de estiagem e com a indisponibilidade hídrica. Segundo ele, a água dos poços é utilizada na irrigação de plantas e em alguns usos domésticos como lavagem de roupas e limpeza de imóveis.
A melhoria também foi notada pelo trabalhador rural Valdemir Francisco de Souza, de 52 anos, da comunidade Novo Riacho Quente, em Mato Verde. Morador do local há seis anos, ele conta que o poço da comunidade ainda não havia passado por testes de vazão e etapas de limpeza. “Desde que moro aqui não tinha passado por um processo de limpeza assim. Agora que foi feita a drenagem e desobstrução a água está em pressão maior e isso auxilia em nossas demandas na comunidade. Em alguns momentos era preciso andar cerca de 6km para buscar água em uma fazenda”, comemora Valdemir.
Etapas
Coordenador do Programa Água Doce em Minas, o capitão José Ocimar de Andrade, da Polícia Militar de Minas Gerais, explicou que as atividades realizadas na etapa do teste de vazão e desobstrução vão direcionar o trabalho a ser feito nas próximas etapas do programa, identificando qual sistema de dessalinização é característico para cada poço. Também será necessário realizar filtragem ou outro tipo de interferência no poço.
O militar ainda ressaltou que o parecer dos laboratórios sobre as análises das águas para as próximas etapas do programa levará em consideração a vazão, a quantidade de ferro encontrada nas amostras, além de verificar se a água do poço é salina ou salobra. “Outro diferencial do Programa Água Doce é que será feita, também, a aferição bacteriológica da qualidade das águas utilizadas para consumo humano em 20% das casas de todas as 138 comunidades que receberão os testes de vazão”, destaca.
Eficiência
Em Minas, a gestão do Programa Água Doce é feita por meio de um Acordo de Cooperação Técnica assinado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas (Semad), que coordena o projeto; o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Gabinete Militar do Governador por meio da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (GMG/Cedec), Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater) e o Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene). O programa conta ainda com um Núcleo de Gestão Estadual para validação das ações executadas, com a composição dos órgãos citados acima junto à Copasa, Copanor e CEMIG.
O convênio firmado entre o Governo de Minas e o Governo Federal para execução do programa foi assinado em 2012, mas as ações acabaram não sendo realizadas, tendo sido retomadas na gestão do governador Romeu Zema. O convênio prevê um aporte de R$20 milhões para implantação completa do programa no Estado.
Em agosto de 2020 foi contratada uma empresa para realização dos diagnósticos socioambientais, além de análises ambientais, químicas, geológicas e econômicas, e a confecção de 69 Projetos Executivos. Estas ações estão sendo executadas pela EDS Energia e Desenvolvimento Sustentável Ltda, que venceu o processo licitatório para executar parte do programa em Minas.
O recurso ainda será utilizado na recuperação de poços e construção de estações de dessalinização da água, tornando-a apta ao consumo humano, além da realização do monitoramento e manutenção das estações com a realização de visitas técnicas quatro vezes por ano. Durante o programa ainda está prevista a capacitação de membros das comunidades rurais para a operação do sistema de dessalinização.
Subsecretário de Gestão Ambiental e Saneamento da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais, Rodrigo Franco, comemorou os avanços já obtidos pelo programa no Estado. “O Programa Água Doce já faz a diferença em comunidades rurais do semiárido mineiro, ao realizar a limpeza, desobstrução e análises físico-químicas da água dos poços, e devolvendo o poço em melhores condições à comunidade”, avalia.
Rodrigo ainda ressalta que, com a finalização dos diagnósticos e os testes de vazão, a expectativa é alcançar as 279 comunidades “propiciando água de boa qualidade para consumo humano e atendendo, prioritariamente, às populações rurais de baixa renda, que atendem aos requisitos do PAD”, acrescenta.
Simon Nascimento
Ascom/Sisema