O Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) divulgou nesta quinta-feira (26/03) o Mapa de Qualidade das Águas de Minas Gerais. O estudo é resultado do Projeto Águas de Minas, que monitora as águas superficiais do Estado, realizado a partir da coleta trimestral nas oito principais bacias mineiras. Na Bacia do Rio Pará, o Índice de Qualidade das Águas (IQA) Médio predominou, com 47,1% % de freqüência nas amostragens.
Os indicadores obtidos no estudo avaliam a freqüência de ocorrência de contaminação em decorrência de matéria orgânica e fecal, sólidos e nutrientes, que formam o IQA, e a ocorrência de substâncias tóxicas (Contaminação por Tóxicos - CT).
O IQA Bom apresentou freqüência de 24,5% em 2008 na Bacia do Rio Pará, superior aos 19,4% de ocorrência no ano anterior. O principal alerta na bacia decorre do aumento do IQA Ruim e Muito Ruim, observados com mais freqüência em 2008 (22,5% e 5,9%) na comparação com 2007, quando representou 12,5% e 4,2% das amostragens. A presença de coliformes e fósforo, além das águas turvas, indicam a interferência dos lançamentos de esgotos sem tratamento, o mau uso do solo e extração de areia.
A melhor condição observada em 2008 ocorreu em dois pontos na bacia: no rio Pará antes de Carmo do Cajuru e no rio São João, na localidade de mesmo nome, com IQA Bom, em três das quatro amostragens anuais. No Ribeirão Fartura, apenas uma amostragem em 2008 indicou IQA Muito Ruim, contra duas amostragens em 2007. O Ribeirão Fartura, também conhecido como Gama, apresentou melhoria na qualidade de suas águas, mas ainda registrou IQA Muito Ruim em uma coleta, contra duas em 2007. O resultado reflete o lançamento de efluentes sem tratamento das indústrias de Nova Serrana.
A pior condição de IQA foi encontrada no Córrego do Pinto ou Buriti, depois de percorrer o município de São Gonçalo do Pará. Este trecho apresentou IQA Muito Ruim em todos os trimestres de amostragem em 2008. Os resultados confirmam o impacto negativo dos lançamentos de esgotos e resíduos provenientes de curtumes na região.
Contaminação baixa
Na bacia do rio Pará, em 2008, a Contaminação por Tóxicos (CT) Baixa predominou, sendo registrada em 65,4% das amostragens. Essa classificação é considerada uma boa condição em relação à ocorrência de substâncias tóxicas. Porém, a CT Alta foi encontrada no ribeirão da Fartura antes de sua foz no rio Pará, no município de Nova Serrana, e no Córrego do Pinto ou Buriti, após o município de São Gonçalo do Pará.
A CT Alta também foi verificada no rio São João após a cidade de Itaúna, na localidade de Vargem do Santiago, próximo a sua foz no rio Pará, e no ribeirão Paciência, após Pará de Minas. Esse resultado aponta para a ocorrência de chumbo e cromo, presentes nos efluentes industriais (principalmente das fábricas de calçados, granjas, curtumes) desses municípios.
O chumbo também foi encontrado no ribeirão Diamante após passar pela cidade de Bom Despacho, no rio Lambari próximo de sua foz no rio Pará, no rio Picão próximo de sua foz no rio Pará e no rio Pará antes de desaguar no rio São Francisco, devido a atividades agrícolas e industriais de fogos de artifício e cerâmicas desenvolvidas na região.
Monitoramento das águas
Realizado desde 1997, o Projeto Águas de Minas teve início com 222 pontos de amostragem nas oito principais bacias hidrográficas. Em 2007, o número de pontos correspondia a 260 e, em 2008, subiu para 353.
As coletas são feitas a cada trimestre, com um total de quatro campanhas anuais. Nas amostras coletadas são realizadas análises físico-químicas, bacteriológicas e ecotoxicológicas pela Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (Sectes).
Classificação
O Índice de Qualidade das Águas (IQA) reflete a contaminação das águas em decorrência da matéria orgânica e fecal, sólidos e nutrientes e sintetiza em um único número a interpretação de nove parâmetros considerados mais representativos para a caracterização da qualidade das águas. Para constatar a melhora ou piora dos rios de Minas Gerais é feita uma comparação dos resultados da média anual do IQA dos pontos amostrados no ano em verificação, com as médias dos anos anteriores.
Para avaliar a Contaminação por Tóxicos (CT), os resultados são comparados com os limites definidos nas classes de enquadramento dos corpos de água pelo Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) e Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH), na Deliberação Normativa Conjunta nº 01/08. A denominação Baixa refere-se à ocorrência de substâncias tóxicas em concentrações que excedam em até 20% o limite de classe de enquadramento do trecho do corpo de água onde se localiza a estação de amostragem. A contaminação Média refere-se à faixa de concentração que ultrapasse os limites mencionados no intervalo de 20% a 100%, enquanto a contaminação Alta refere-se às concentrações que excedam em mais de 100% os limites.
A pior situação identificada no conjunto total de resultados das campanhas de amostragem, para qualquer parâmetro tóxico, define a faixa de contaminação do período em consideração. Portanto, se apenas um dos parâmetros tóxicos em uma estação de amostragem mostrar-se com valor acima de 100%, isto é, o dobro da sua concentração limite apontada na DN COPAM/CERH 01/08, a contaminação da água por tóxicos naquela estação de amostragem será considerada alta.