A consultora do Banco Mundial, Danielle LaPorta, defendeu a necessidade de uma abordagem integrada na gestão dos recursos hídricos na conferência dessa quinta (12/11) no XI Encontro Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas (Encob), em Uberlândia, na região do Triângulo Mineiro. O projeto, que vem sendo desenvolvido na região metropolitana de Recife, em Pernambuco, foi apresentado como um modelo importante na mudança na condução de projetos.

Danielle LaPorta observou que o Banco Mundial financiava diversos projetos ligados ao uso da água no Estado, mas sempre de forma setorial. "Atualmente, o trabalho desenvolvido no Estado evoluiu para uma forma integrada de gestão e, consequentemente, de suas partes operacionais como a captação, o tratamento e a distribuição", observa a geóloga e mestre em gestão ambiental.

Com um custo de US$420 milhões, dos quais US$190 mi são financiados pelo Banco Mundial, o plano integrado de gestão de recursos hídricos executado na bacia do rio Capiberibe, onde está localizada a capital de Pernambuco, inclui a construção de sistemas de saneamento, proteção de mananciais, monitoramento das águas superficiais e subterrâneas e o desenvolvimento de modelos sustentáveis de abastecimento rural. "O objetivo principal é aumentar o número pessoas com acesso aos recursos hídricos", explicou.

A Região Metropolitana de Recife possui 14 municípios distribuídos numa área de quase 3 mil Km², onde vivem 3,7 milhões de pessoas, ou seja, 43% da população do Estado. A área é abastecida por uma rede com nove captações diretas dos cursos d’água da bacia do rio Capiberibe, oito açudes e cerca de 100 poços.

Segundo LaPorta, a prática de utilizar recursos hídricos captados de aqüíferos subterrâneos, um hábito antigo na região, precisa ser mudada. "Além de não ser sustentável do ponto de vista ambiental, o uso descontrolado de águas não superficiais pode causar problemas de saúde", alegou.  A maior parte de Pernambuco está localizada em uma zona de semi-árido, área mais seca do país, dispondo de cerca de 3% de toda água existente no Brasil.

O exemplo da Região Metropolitana de Recife, de acordo com Danielle LaPorta, é um caso que retrata a situação do Brasil e até da América Latina, onde a população urbana está em crescimento. "Na América Latina, 79% da população vive nas cidades, número que alcança 82% no Brasil", estimou. Ela acrescentou que 55% do esgoto é coletado e, desse total, somente 60% é tratado, o que representa que quase metade do esgoto é despejado in natura nos cursos d´água.

O Encob acontece até amanhã (13/11), em Uberlândia, e conta com a presença de representantes de entidades ligadas a gestão de recursos hídricos de todo o país, além de estudantes, pesquisadores e professores universitários. O evento destaca-se como principal espaço para discussão e avaliação da política nacional de recursos hídricos. É promovido pelo Fórum Nacional dos Comitês de Bacias Hidrográficas (FNCBH) em parceira com o Governo do Estado de Minas Gerais, por meio do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema).

Mais informações sobre evento podem ser obtidas diretamente no Portal do Encob, no endereço www.encob.org.

Fonte: Sala de imprensa do 11º Encob