Saiba o que faz e como se tornar um observador de tempestades

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Criado: Qui, 02 set 2021 14:18 | Atualizado: Ter, 27 ago 2024 17:39


Foto: Guilherme Touchtenhagen Schid/ Divulgação

Observadores de tempestade

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Você sabe o que faz um observador de tempestades e como se tornar um? Pois bem, a partir de setembro deste ano, curiosos sobre o assunto poderão participar do curso, gratuito, disponibilizado pelo Departamento de Meteorologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, em parceria com o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e outras instituições federais e estaduais. A capacitação é on-line e qualquer pessoa pode participar.

O curso de observadores de tempestade será intensivo, com duração máxima de quatro a cinco horas. A capacitação será feita totalmente online. As inscrições serão divulgadas em breve nas redes sociais do projeto. Os interessados podem entrar em contato pelo perfil @prevots_svr no Twitter.

A iniciativa visa treinar os interessados para a análise de tempestades e a identificação de fenômenos de tempo severo, tais como vendavais com rajadas de vento maior ou igual a 90 km/h ou danos por vento, granizo maior ou igual a 2 cm de diâmetro e tornados, que impactam social e economicamente as cidades. No curso de observadores de tempestade, os alunos vão aprender a identificar a formação de tempestades, seus diferentes tipos e como classificá-las.

Outro aprendizado do curso será a identificação de características visuais da atmosfera que antecedem fenômenos meteorológicos para relatar, de forma precisa, ocorrências de tempo severo e enviar para os órgãos de análise. “A pessoa será capacitada para observar, analisar e reportar corretamente, de forma segura, os fenômenos de tempo severo”, destaca o meteorologista do Igam, Guilherme Touchtenhagen Schild.

Durante o curso, que será ministrado pelo corpo técnico da UFSM, o Igam ficará responsável pela validação do material didático digital, escrito e audiovisual, pelos procedimentos de reconhecimento visual de situações atmosféricas extremas e de busca de proteção pessoal.

Rede voluntária e Plataforma de Registros de Tempo Severo

O curso de observadores de tempestades existe há algum tempo, e surgiu a partir da criação de um projeto de extensão da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), dentro do departamento de Meteorologia, coordenado pelo professor Ernani de Lima Nascimento.

O projeto é conhecido como Revot – Rede Voluntária de Observadores de Tempestades e disponibiliza os cursos há cerca de 10 anos. Além disso, visando mitigar a falta de dados de observação de fenômenos de tempo severo, foi criada, em junho de 2018, a partir de uma iniciativa de um grupo de meteorologistas independentes a plataforma Prets – Plataforma de Registros de Eventos de Tempo Severo, em que eventos de granizo, vendaval e tornados são relatados e validados.

Como as duas iniciativas se complementam, os dois projetos se uniram em meados de 2019 para fundar a Prevots – Plataforma de Registros e Rede Voluntária de Observadores de Tempestades Severas. Com o objetivo de aprimoramento do monitoramento meteorológico no estado, os meteorologistas do Igam, utilizam os dados da plataforma, além de participar ativamente das iniciativas.

De acordo com o professor da universidade e coordenador do projeto, Ernani de Lima Nascimento, a formação de observadores de tempestade é algo que já ocorre em outros países, baseada na participação de voluntários na geração de dados e análises para ajudar o descobrimento, o estudo e a pesquisa científica.

“À medida que a gente aumenta a quantidade de registros, as falhas na série histórica, causadas por eventos não registrados, vão sendo preenchidas. Por isso, disponibilizamos o curso para treinar voluntários, que reportarão os fenômenos de maneira segura e responsável”, explicou o professor em entrevista ao site da universidade.

Outros benefícios do curso, lembra Guilherme Schild, são o aumento da rede de voluntários para a observação de tempo severo no Brasil, e com isso a aplicação dessas observações em pesquisa. “A iniciativa, promoverá ao público leigo o conhecimento e acesso à cultura meteorológica. Possibilitará, também, a prática na observação de fenômenos de tempo severo. Além disso, ensinará métodos de proteção e segurança diante desses fenômenos”, acrescenta.

O meteorologista ainda destaca que os cursos poderão auxiliar a mitigar o pânico que as tempestades causam na população. “E, com a criação da rede de observadores em Minas Gerais, permitirá ao Igam aprimorar as ferramentas de previsão, monitoramento e alertas de tempestades, além de permitir que conheçamos as regiões afetadas pelo tempo severo”, complementou Guilherme.


Simon Nascimento
Ascom/Sisema