Janice Drumond
Diversas apresentações artísitcas e culturais marcaram o encerramento da Semana do Meio Ambiente
Aula experimental de cozinha com aproveitamento integral de alimentos, roda de conversa sobre redução do lixo gerado, feira de agricultura familiar, apresentações de teatro e diversas outras atividades de educação ambiental foram compartilhadas com os visitantes da Praça da Liberdade, neste domingo, 10 de junho. As ações organizadas pelo Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) encerram a programação do Governo de Minas realizadas no decorrer da última semana para comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho.
As atividades foram organizadas pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), um dos órgãos que integram o Sisema. Neste domingo, foram quatro horas de atividades, entre 8h e 12h, concentradas em dois espaços do Circuito Cultural Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte: A Praça Carlos Drumond de Andrade, ao lado do Museu de Minas e do Metal, além do Espaço Hub Minas Digital. Neste último, as atividades ocorreram no 1º andar do prédio, onde houve apresentação de filmes com temas ambientais, e na arena, que recebeu atividades lúdicas para públicos de todas as idades.
Foram quatro apresentações de teatro. A programação foi aberta com a apresentação do teatro de fantoches Árvore Generosa, do setor de Educação Ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), seguida do espetáculo “Nem tudo que está no lixo, não é lixo não”, dos personagens Dona Recicla e Don Cata Tudo.
O grupo Parangolé e a atriz July Mascarenhas fecharam as apresentações com os espetáculos Conta Conto e “Tutzzi e as Treleletas”, respectivamente. Todas as atrações levaram ao público mensagens importantes, como a participação da sociedade na redução e separação de resíduos, bem como a importância de todos para a destinação adequada desses materiais.
Responsável pela apresentação do teatro de fantoches, a analista ambiental da Assessoria de Educação Ambiental e Relações Institucionais da Semad, Sophia Lins Nunes, ressaltou a importância da preservação ambiental. “A natureza é sempre tão generosa com o ser humano, mas o homem está cada vez mais tirando seus recursos em prol de sua própria felicidade”, disse a analista.
A história da Árvore Generosa é uma adaptação do livro dos autores Shel Silvertein e Fernando Sabino, que conta a relação de um menino com uma árvore. Ele sempre se pendurava nos galhos, comia suas maçãs e descansava sob a sombra. A relação era de amor, mas à medida que o tempo passava e o garoto crescia, ele começou a desejar mais do que a simples companhia da árvore para brincar e repousar. O menino passou a querer dinheiro e outras coisas que ela podia proporcionar. A árvore estava sempre disposta a ajudá-lo e foi oferecendo aos poucos tudo o que tinha: seus frutos, galhos e tronco, abrindo mão de sua própria vida, o que chama a atenção para o desequilíbrio da relação do homem com a natureza, em muitos casos.
Já o espetáculo “Nem tudo que está no lixo, não é lixo não”, explicou para o público a importância da reciclagem de cada tipo de resíduo como plástico, vidro, papéis e metais e, em uma interação com as crianças, ensinou como é feita a separação desses materiais em coletores apropriados. O espetáculo foi apresentado pelos personagens Dom Cata Tudo e Dona Recicla, que também reforçaram a importância do trabalho desenvolvido pelos catadores de materiais recicláveis no Estado.
Presente no evento, a catadora e coordenadora da Cooperativa Solidária dos Trabalhadores e Grupo Produtivo da Região Leste de Belo Horizonte (Coopersol Leste), Vilma da Silva Estevam, reforçou a importância do trabalho de coleta seletiva realizado pelos catadores e falou da necessidade de que toda a sociedade contribua com essa tarefa. “É importante que cada cidadão faça sua parte na destinação correta dos materiais recicláveis”, disse.
O Grupo Parangolé trouxe uma mensagem sobre a importância do “ser” em detrimento do “ter”, ressaltando a necessidade de se reduzir o acúmulo de objetos nas moradias. Por meio da história do “Menino e o Montinho”, o grupo trouxe uma mensagem sobre a conseqüência desse processo de acumulação e também trabalhou a questão da conscientização sobre a coleta seletiva.
Finalizando as apresentações na Arena do Prédio Rainha da Sucata, a artista July Mascarenhas envolveu todo o público com a peça “Tutzzi e as Treleletas no eino do conhecimento”, trazendo uma mensagem de preservação ambiental. Rilary Gabriela, uma das crianças que participou das atividades, disse que aprendeu muitas coisas, principalmente com relação à importância da reciclagem dos resíduos que geramos.
Para a aposentada Jô Lins, que também assistiu todas as apresentações, a questão da coleta seletiva realmente ficou gravada no público. “É muito importante que as crianças já cresçam sabendo como deve ser feita a coleta seletiva”, frisou.
Ao fim das apresentações, o presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente, Eduardo Pedercini, agradeceu a presença de todos e reforçou a que continuidade nas ações para a construção de um meio ambiente sempre mais equilibrado e sustentável depende de todos.
ESPAÇO PRAÇA CARLOS DRUMMOD DE ANDRADE
Na feira foram expostos diferentes produtos como queijo, mexerica, verduras e biscoitos
As celebrações da Semana do Meio Ambiente na Praça da Liberdade tiveram na Praça Carlos Drummond de Andrade várias atividades abertas à interação do público. As pessoas puderam participar de uma aula experimental do programa Cozinha Inteligente, que dicas de aproveitamento integral de alimentos , bem como de uma roda de conversa com tema Lixo Zero. Atividades de educação ambiental e uma de feira de agricultura familiar também foram realizadas neste espaço, entre 8h e 12h.
Na feira, foram expostos diferentes produtos como queijo, mexerica, verduras e biscoitos, todos produzidos sem uso de agrotóxicos e de forma ambientalmente correta. Uma das expositoras, Cláudia Teles, de Divinópolis, trabalha a 3 anos fabricando temperos com ervas e sementes produzidas com técnicas orgânicas. “Eu mesma planto ou compro de uma rede de fornecedores da região”, afirma. Ela trabalha com produção de alimentos desde 2005.
Já o expositor Aparecido Alves vende os doces pé de moleque, que produz há 2 anos em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. “Sempre quis reproduzir a receita que minha avó fazia, mas foi só numa viagem ao Sul do Estado, na cidade de Piranguinho, que descobri como fazer”, explica. Ele conta que trabalhava na indústria de concreto e vê semelhanças entre a elaboração do concreto e o pé de moleque, que é uma massa. “Hoje concentro minha energia na massa doce”, afirma.
AMBIENTAÇAO
Emerson Gomes
O mascote Bileco fez parte das atividades na praça
O programa de comunicação e educação socioambiental levou atividades para as pessoas que passavam pela Praça na manhã de domingo. O Desafio Ambientação tinha jogos para as crianças que podiam testar seus conhecimentos sobre disposição de lixo e outros resíduos. Outra atração foi a maquete da residência, que mostrava o consumo de cada aparelho elétrico.
Flávia Torquetti passeava pela Praça da Liberdade na manhã de domingo, com seu filho, Guilherme Poggiali, de 4 anos, quando encontrou o mascote do Ambientação Bileco e foram conhecer os jogos. O garoto teve alto índice de respostas certas. “Ele está aprendendo”, afirmou Flávia Torquetti.
O Ambientação foi criado em 2003 e tem o objetivo de promover a mudança de comportamento e estimular atitudes ecologicamente corretas no cotidiano das pessoas.
COZINHA INTEGRAL
Janice Drumond
Dicas de aproveitamento integral e alimentos foram dadas durante aula experimental
O professor do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Michel Alves, apresentou possibilidades da cozinha com aproveitamento total dos alimentos, utilizando a casa e as sementes, por exemplo. Para o cozinheiro, é possível usar cascas de cebola, cenoura e sal grosso no dia a dia.
Ele apresentou alternativas de alimentos aos presentes. “O alface pode se substituído por uma infinidade de outros alimentos como taioba, almeirão, dentre outros”, afirmou. Na aula experimental, Michel Alves apresentou uma cocada que utiliza 10% de coco em sua composição e grande parte é de casca de melancia.
Rosinda Zica de São José assistiu à aula de cozinha integral e confirmou a versatilidade da abóbora, conhecimento repassado por sua avó. “Já sabia que a semente podia ser usada de forma medicinal, mas hoje descobri que é muito saborosa frita”, afirma. Ela também conheceu novas formas de aproveitamento da casca da abóbora. “Fiquei surpresa e encantada”, observa.
LIXO ZERO
Além da aula experimental de aproveitamento integral dos alimentos, quem passou pela Praça Carlos Drummond de Andrade na manhã de domingo, pôde participar ou ouvir as discussões na roda de conversa sobre redução de geração de lixo e conhecer as ações do Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR).
A atividade reuniu pessoas de perfis variados, interessados no tema e em encontrar soluções para a questão. A coordenadora da Cooperativa Solidária dos Trabalhadores e Grupo Produtivo da Região Leste (Coopersol Leste), Vilma da Silva Estevam, observou que o mercado ainda utiliza muito material descartável. “O meio ambiente exige a adoção de matérias-primas recicláveis”, afirma.
Já o diretor do Instituto Nenuca de Desenvolvimento Sustentável (Insea), Guilherme Fonseca, firma que o consumidor tem que adotar hábitos responsáveis, pensando bem no que está comprando. “Devemos observar o histórico do produto que adquirimos, da empresa fabricante e da loja que vende”, explica.
O CMRR é um núcleo da Feam que tem o objetivo de difundir e consolidar boas práticas na gestão integrada dos resíduos em Minas Gerais. Desde 2012, o CMRR vem desenvolvendo, também, um trabalho de apoio aos municípios na implantação da Coleta Seletiva.
A diretora do CMRR, Ângela Rosane de Oliveira, observa que os eventos da manhã de domingo, 10 de junho, em alusão ao Dia Mundial do Meio Ambiente, são um pouco do espírito do espaço. “Todos têm uma preocupação ambiental, o interesse em se juntar e discutir os assuntos”, afirma.
HOLOFOTES E FACHADA DIGITAL
As comemorações da Semana do Meio Ambiente tiveram início na segunda-feira, 4 de junho, em todo o Estado. Na capital, a programação começou com a iluminação do Palácio da Liberdade, um dos símbolos do Governo, com holofotes de luz verde. Também na Praça da Liberdade, o prédio do Espaço do Conhecimento UFMG exibiu, em sua fachada digital, vídeos com a temática ambiental, preparados especialmente para a data.
Do ponto de vista institucional, o Governo de Minas também deu importantes passos ao longo da semana. E assinou, na terça-feira, 5 de junho, um Termo de Cooperação Técnica com o Ministério Público para avançar na gestão de resíduos sólidos urbanos. Por meio dessa nova ferramenta, o que se busca é auxiliar municípios mineiros para que estes estabeleçam, dentro de sua territorialidade, novos consórcios para a construção de aterros, buscando assim soluções coletivas para a gestão desses resíduos. Outros documentos que vão contribuir para a preservação ambiental em Minas estão previstos para serem assinados nos próximos dias.
Ascom/Sisema