Nota esclarecimento - movimentação da pluma de rejeitos

Notícia

Criado: Qui, 28 mar 2019 14:37 | Atualizado: Ter, 27 ago 2024 17:34


 

O Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) reitera que, até o momento, não foram observadas alterações na qualidade das águas ou impacto sobre a biodiversidade que indiquem a extinção da vida no rio Paraopeba ou a contaminação do reservatório da Usina Hidrelétrica (UHE) de Três Marias pela pluma de rejeitos originados do rompimento da barragem B1 da Vale.

 

As informações fazem parte da Nota Técnica Conjunta do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) nº 5, publicada na última terça-feira, 26 de março. A publicação rebate notícias circuladas pela mídia nos últimos dias sobre a “morte” do rio Paraopeba e a contaminação do São Francisco.

 

Conforme a Nota, os dados oficiais de qualidade de água fornecidos pelo Instituo Mineiro de Gestão das Águas (Igam), a Agência Nacional de Águas (ANA), a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) são coletados em 21 pontos distribuídos ao longo da bacia, contemplando inclusive os reservatórios das UHE Retiro Baixo e Três Marias, e não indicam a chegada do rejeito abaixo de Retiro Baixo, não sendo possível, no atual momento, afirmar sobre quando ou se o rejeito chegará no reservatório de Três Marias.

 

Considerando ainda o tempo médio que a água leva para atravessar os reservatórios das duas UHEs após chegar a eles, que é de 50 dias para Retiro Baixo e 365 dias para Três Marias, e de que o desastre ocorreu a cerca de 60 dias, não haveria tempo hábil para que os rejeitos tenham ultrapassados os reservatórios.

 

O monitoramento da biodiversidade ao longo da bacia corrobora com tal afirmação, uma vez que até o momento não foram identificados impactos a jusante de Retiro Baixo que indiquem a chegada do rejeito. Episódios de mortandade de peixes que apresentam evidência de relação com o desastre ocorreram de forma aguda logo após a ruptura da barragem e novamente após chuvas mais fortes, mas permaneceram concentradas no trecho mais impactado, de cerca de 44 km, entre a foz do córrego Ferro e Carvão (ponto em que os rejeitos atingiram o Paraopeba) e a barragem da Usina Termoelétrica (UTE) localizada em Juatuba-MG. Nos demais trechos houve apenas recolhimentos esporádicos de carcaças.

 

Mesmo no trecho mais afetado, peixes vivos, ovos e larvas viáveis têm sido coletados, indicando que, mesmo após o desastre, parte da ictiofauna continua na região. Entretanto, os espécimes que sobreviveram ainda estão sob condições inadequadas e poderão ter funções biológicas comprometidas, acarretando em mudanças comportamentais, redução de crescimento, redução da taxa reprodutiva e até mesmo morrerem (Nota Técnica nº 3/2019/CEPTA/DIBIO/ICMBio).

 

Importante salientar que essa avaliação inicial tratou exclusivamente dos impactos agudos da passagem do material extravasado da Barragem B1 da Vale. Possíveis efeitos crônicos sobre a biodiversidade aquática serão investigados ao longo do tempo, dentro dos programas de monitoramento da biodiversidade que serão implementados. A presença de peixes vivos nos trechos afetados tampouco atesta a qualidade sanitária dos mesmos, sendo que tal tema também é objeto de investigação pelos órgãos responsáveis.

 

É inegável que o rompimento da Barragem I do complexo da mina do Feijão em Brumadinho-MG trouxe impactos à biodiversidade na região e todas as medidas de mitigação e conservação cabíveis serão adotadas pelos órgãos responsáveis. Contudo, a avaliação dos danos deve ser feita de forma segura, baseada em dados confiáveis, e respeitando os procedimentos técnicos cabíveis tais como: uso de laboratórios acreditados; amostras obtidas em duplicata ou triplicata e com cadeia de custódia definida; disponibilização de dados e sua origem sempre que apresentada a “síntese” da situação; interpretação da causa/efeito e contextualização dos resultados dentro da característica da bacia.

 

Por fim, recomenda-se a consulta das fontes oficiais de dados para informações relativas ao rompimento da Barragem I do complexo da mina do Feijão em Brumadinho-MG.

 

Ascom/Sisema