Fotos: Viviane Lacerda
Servidoras do Sisema assistem palestras no Dia Internacional da Mulher
O Dia Internacional da Mulher, comemorado neste 8 de março, foi marcado pela temática água e gênero no Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema). Em evento na sede, na Cidade Administrativa, o papel da mulher frente à gestão dos recursos hídricos foi debatido por servidoras, que participaram ainda de programação musical, sorteio e palestras.
A discussão teve enfoque na luta contra a discriminação, a busca da igualdade, mas sobretudo no empoderamento das mulheres nos processos decisórios, especialmente no que diz respeito à gestão da água.
A abertura do evento foi feita pelo assessor de Educação Ambiental e Relações Institucionais da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), André Ruas. Ele lembrou que, ainda nos dias atuais, com tantas políticas públicas e mudanças sociais, as mulheres sofrem com o machismo, a misoginia, discriminação, razão pela qual existe um dia para ser lembrado. “A sociedade precisa buscar a equidade, tratando as mulheres com igualdade, porém respeitando as diferenças” disse.
Palestrante durante o evento, a pesquisadora da Fundação João Pinheiro, Ana Paula Salej, que também coordena o grupo de pesquisa “Estado, gênero e diversidade”, discursou sobre o relacionamento das mulheres com a água e fez um paralelo com a vivência dos homens em relação ao uso do recurso hídrico. A especialista, defende que essas experiências estão vinculadas ao gênero. “A própria divisão do trabalho colocou a mulher na posição de cuidadora, criando maior intimidade entre ela e a água, e embora não tivesse essa consciência, já se tornaria gestora desse bem”, reforçou.
Para Ana Paula, enquanto para os homens, um rio é, de modo geral, um lugar de diversão, para as mulheres ele é, principalmente, um ambiente de trabalho. “O conhecimento de cozinhar, limpar, cuidar das hortaliças passa de mãe para filhas”, explicou.
Outra ponderação importante foi feita pela palestrante Vera Lúcia Guarda, que é professora de mestrado sobre Sustentabilidade, Socioeconomia Ambiental da Universidade Federal de Ouro Preto.
Em sua fala, a professora lembrou que muitos consideram o 8 de março apenas uma data de homenagens às mulheres, mas, diferentemente de outras datas comemorativas, ela tem raízes históricas profundas e sérias e atualmente é lembrada como um dia para reivindicar igualdade de gênero. Exemplo disso é a luta das mulheres que trabalhavam em fábricas nos EUA e em alguns países da Europa. “Mesmos diante dos avanços no que diz respeito à igualdade de gêneros, as mulheres ainda ocupam cargos de menor peso nas grandes decisões políticas e de menor prestígio no mercado de trabalho”, enfatizou.
A especialista realiza estudos sobre água e gênero desde 2006, coordena a cátedra Unesco, Água Mulheres e Desenvolvimento e ainda representa o Brasil no Grupo de Trabalho “Água e Gênero da PHI – LAC da Unesco”.
As palestras geraram um debate importante, com entendimento unânime de que é necessário que o Estado e os governantes, em suas diferentes esferas, atuem na transformação das estruturas institucionais que ainda reproduzem e reafirmam a desigualdade.
Os presentes concordaram que é preciso estabelecer diretrizes e ações fundamentais para garantir o acesso das mulheres aos postos de decisão que contribuam para um novo modelo de gestão e que tragam na sua concepção a defesa da autonomia das mulheres.
Confira o depoimento de participantes do evento sobre a data:
“A data é considerada como um dia de luta, porque muitas mulheres foram queimadas enquanto reivindicavam os mesmos direitos, como salários equivalente ao dos homens”.
Regina Ramos, analista ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad)
“O dia 8 de março é de extrema importância para todas as mulheres por significar o reconhecimento das lutas pela igualdade dentro da sociedade”.
Claudia Nascimento, analista ambiental da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam)
“O dia das mulheres teve seu marco por meio de uma história triste, mas justamente por esta razão é um dia que representa a valorização da luta histórica feminista pela equidade de gênero. Este evento nos permitiu enxergar um desses aspectos, que é a transversalidade da temática de gênero também na gestão dos recursos hídricos”.
Marcella Gouveia, gestora ambiental da Semad
“A participação ativa das mulheres é indispensável à construção da democracia e da cidadania dirigidas ao poder público. Essa atuação contribui para a elaboração de leis e para a administração pública e muitas de suas ações têm produzido desdobramentos concretos em termos de inovações e conquistas legislativas e de políticas públicas”.
Alexandra Resende, psicóloga, advogada e mestranda em sustentabilidade, discursou sobre o tema Participação das mulheres nos processos decisórios
Wilma Gomes
Ascom/Sisema