Na madrugada de quarta-feira, a barragem se rompeu provocando a inundação de propriedades rurais e casas de Miraí, afetando mais de 2 mil pessoas.
A empresa terá um prazo de 24 horas para apresentação da proposta, que será avaliada pelos técnicos dos órgãos envolvidos na Força-tarefa. Nesta quinta-feira, a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) encaminhou cópia do Auto de Fiscalização à mineradora, notificando a suspensão das atividades no município.
Segundo avaliação da Cedec, está estabilizada a situação em Miraí, município que tem população de 12,5 mil habitantes. Até o momento, a Força-tarefa dá continuidade ao levantamento de dados e à execução de ações de recuperação dos danos provocados pela enchente.
A Força-tarefa, localizada na Câmara Municipal de Miraí, registrou, até o início da tarde desta quinta-feira, 118 solicitações de vistorias em residências em situação de risco. A estimativa da Cedec é de 500 desabrigados no município, sendo que 46 estão alojados na Escola Municipal Dr. Justino Pereira. Não há registros de feridos ou vítimas fatais.
Desvio de córrego
Uma sugestão apontada pela Força-tarefa é o desvio do curso do córrego Bom Jardim que passa pela barragem. Essa medida evitaria o carreamento da lama restante, em função da continuidade das chuvas na região, o que poderia provocar ainda mais danos ao município. De acordo com o comandante operacional do Corpo de Bombeiros, coronel Cláudio Teixeira, cerca de 40% do rejeito ainda está dentro da cava de contenção. Os serviços serão executados pela Rio Pomba Mineração com o acompanhamento dos órgãos da Força-tarefa.
"Esse material não escoou em razão do próprio peso e pela formação do local, pois está depositado nas laterais. A nossa preocupação no momento é tirar o curso d’água natural que corre por dentro dessa cava e que continua carreando material para a parte inferior da cidade e, conseqüentemente, atingindo os demais cursos d`água que atingiram os coletores até a região de Muriaé. Existem mecanismos técnicos para viabilizar a contenção desse material e fazer com que ele não corra mais", afirmou Teixeira.
Monitoramento das águas
De acordo com informações da Cedec, nenhum município fluminense foi atingido por sedimentos da barragem da mineradora. O monitoramento da qualidade das águas está sendo feito pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) nos rios Fubá e Muriaé e os resultados das primeiras análises serão divulgados amanhã (12/01).
O diretor-geral do Igam, Paulo Teodoro, afirmou que não há risco de contaminação da população por produtos tóxicos. O material derramado nas águas dos rios da região é composto de argila e água.
"O material é absolutamente inerte. Apesar disso, o Governo de Minas realizará análises de contaminantes tóxicos para comparação com dados anteriores. O Igam mantém três postos permanentes de análise de água nas bacias dos rios Fubá e Muriaé, até a divisa com o Estado do Rio de Janeiro, pois o Estado de Minas é grande fornecedor de água para seis estados, até para nós sabermos a qualidade da água que estamos fornecendo", disse Teodoro.
Distribuição de alimentos
A ação da Cedec em Miraí iniciou desde as primeiras horas após o acidente que provocou a inundação da cidade. Os moradores atingidos estão recebendo material de necessidades básicas em pontos estratégicos distribuídos pela cidade. Foram distribuídos 1.000 cestas básicas, 500 colchões, 500 cobertores e material de limpeza e kits de primeiro socorros.
Os moradores também receberam orientação de técnicos da Secretaria de Estado de Saúde para prevenção de doenças decorrentes de enchentes. Serão distribuídos 1.000 frascos de hipoclorito de sódio para desinfecção de residências e caixas d´água. Toda a vacina destruída como alagamento da Policlínica Municipal será reposta. Além disso, a SES disponibilizará vacinas anti-tetânica, contra febre-amarela, hepatite B, entre outras. A Cedec está percorrendo as casas atingidas orientando as famílias sobre os riscos de desabamento de paredes e muros.
Alento
O abrigo instalado pela Defesa Civil na Escola Municipal Doutor Justino Pereira deu um alento aos moradores que perderam suas casas. A dona-de-casa Valdinéia dos Santos acordou assustada na madrugada de ontem ao ver sua casa alagada. Ela morava com o marido e os quatro filhos e conseguiu salvar apenas os documentos.
"O apoio da Defesa Civil foi importante. Se não fosse esse abrigo, eu não teria para onde ir. Eu e meus vizinhos estamos todos aqui, mas nós queremos nossas casas e nossos móveis de volta. Aqui é provisório", desabafou a dona-de-casa.