Segundo Jank, o Brasil está saindo de um processo medieval de queima de cana-de-açúcar para uma tecnologia moderna de colheita, onde o bagaço e a palha são transformados para a produção de etanol. Jank argumenta que a bionergia se torna a cada dia uma alternativa mais viável, principalmente por ser uma fonte renovável de energia, ser menos poluente e reduzir cerca de 90% da emissão dos gases de efeito estufa. "As pressões ambientais e os subsídios aos produtores e indústria, além do interesse de governos no desenvolvimento de tecnologias para produção de biocombustíveis renováveis cresce a cada dia", argumenta.
Marcos Sawaya relatou a experiência no Estado de São Paulo na substituição dos primeiros ônibus movidos a diesel por veículos a etanol. De acordo com ele, a substituição de 1.000 ônibus a diesel por ônibus a etanol evita a emissão de 96 mil toneladas de CO2 por ano, o que equivale à emissão de 20 mil automóveis a gasolina por ano. "O que tem puxado hoje o crescimento de cana é a produção da frota de carros flex, com o objetivo de reduzir os efeitos dos gases estufa", afirma.
Um protocolo agro-ambiental, assinado pelo Governo do Estado de São Paulo por meio das secretarias de Meio Ambiente e da Agricultura, e pela Unica, estabelece que até 2015 seja eliminada a queima de cana-de-açúcar e seja introduzido o corte mecânico em todo o Estado. Segundo Jank, cerca de 50% do Estado de São Paulo já está mecanizado e das 170 usinas de São Paulo, 141 já aderiram voluntariamente ao protocolo. "A área colhida sem uso do fogo em São Paulo aumentou 657 mil hectares (60%) ou o equivalente a um milhão de campos de futebol", afirma.
Jank reconhece que a produção de biocombustíveis deve ser feita de forma sustentável, em áreas que já se constituem em pastagem e não derrubando florestas. Segundo ele, a produção de álcool atualmente no Brasil é localizada no Centro-Sul do país. "Isso é natural, pois a cana é uma planta perecível e deve ser produzida próximo aos centros de consumo. Atualmente, cerca de 20 países no mundo produzem combustíveis fósseis para o resto do mundo, no futuro poderemos chegar a cerca de 100 países produzindo", afirma.
A cana-de-açúcar para produção de etanol representa 1% da terra arável do Brasil. Dos 850 milhões de hectares de terra arável no país, a cana representa 3,4 milhões de hectares. Mas Jank alerta também que no caso do milho, do trigo e da beterraba, impactos globais na agricultura podem ser expressivos em decorrência da competição global com os alimentos num contexto de forte expansão da demanda mundial.
26/04/2008
Fonte: Sala de Imprensa
2º Congresso Mineiro de Biodiversidade