Foto: Edwaldo Cabidelli
Secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Germano Vieira, conheceu projeto apresentado pela Cenibra
A primeira Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) federal a ser reconhecida em território mineiro, a Fazenda Macedônia será transformada em um criadouro científico oficial para reintrodução de aves silvestres ameaças de extinção na Região do Vale do Rio Doce. O projeto, elaborado para comemorar os 25 anos da reserva, em outubro, foi apresentado ao Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) por representantes da Celulose Nipo Brasileira S/A (Cenibra), proprietária da reserva.
Além da proposta técnica apresentada, a empresa pretende ainda ampliar o projeto Mutum para uma nova área. A iniciativa que já mantém o viés de preservação de aves silvestres na Fazenda Macedônia, no município de Ipaba, será estendida para a Região de Ponte Perdida, área vizinha ao Parque Estadual do Rio Doce. Esta implantação está prevista para 2020, quando o projeto Mutum completa 30 anos.
Os representantes da Cenibra foram recebidos pelo secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Germano Vieira, e pelo diretor-geral do IEF, Antônio Malard, em reunião no início da semana, na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte. Durante a reunião, os representantes da área de meio ambiente da empresa disseram que a ampliação visa subsidiar programas de conservação e educação ambiental feitos em parceria com o IEF, por meio de um acordo de cooperação técnica.
Na Fazenda Macedônia, o projeto Mutum é desenvolvido desde 1990, promovendo um pioneiro trabalho de conservação ambiental e reintrodução de espécies de aves silvestres ameaçadas de extinção, em seu habitat natural. O projeto contempla não apenas a proteção ou criação em cativeiro de animais ameaçados, mas também sua recondução ao ambiente de origem, sendo responsável pela reintrodução de sete espécies à fauna local, totalizando 480 aves, e pelo registro de 291 filhotes nascidos em vida livre. Entre eles, o Mutum-do-Sudeste e o Jacuaçú, espécies que já haviam sido extintas em Minas Gerais.
Durante a reunião, o secretário Germano Vieira destacou a relevância ambiental e histórica do projeto para o refaunamento da Região do Vale do Rio Doce. “O Projeto Mutum se tornou um exemplo de que a reintrodução de espécies pode ser uma prática bem-sucedida, se devidamente edificada em bases científicas e com compromissos de trabalho em longo prazo, sobretudo quando advindas de empresas comprometidas com o meio ambiente, como a Cenibra”, ressaltou.
De acordo com o gerente de Meio Ambiente da Cenibra, Sandro Morais, a parceria da empresa com a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) é fundamental para o desenvolvimento e ampliação do Projeto Mutum. “O apoio da Semad será essencial para a instalação de um viveiro na região de Ponte Perdida, pois já existe uma estrutura do IEF no local. Além disso, a secretaria será responsável por uma série de autorizações necessárias à ampliação do projeto”, disse.
HISTÓRICO
Ao longo de seus quase 30 anos de atuação, o Projeto Mutum já recebeu cerca de 60 mil visitantes na RPPN Fazenda Macedônia, que receberam informações sobre a importância da conservação da biodiversidade e dos recursos naturais preservados na região.
No total, a RPPN mantém em seu território 244 espécies de aves, dentre as quais 15 ameaçadas de extinção, 31 espécies de mamíferos de médio e grande porte, do quais sete são também considerados sob ameaça de extinção, e 169 espécies de plantas. Em 2009, pesquisadores da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), na Bahia, identificaram no local uma nova espécie de bambu herbáceo, batizada com o nome Eremitis magnifica.
Edwaldo Cabidelli
Ascom/Sisema