No Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado na quinta-feira (05), o Sistema Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema), por meio do Instituto Estadual de Florestas (IEF), assinou um protocolo de intenções com a empresa Vale S.A. para regularizar, ampliar e criar Unidades de Conservação (UCs) no Estado. Por meio do documento, a empresa se compromete a doar ao Estado 6,3 mil hectares (ha) em regiões prioritárias para a conservação da biodiversidade de Minas Gerais até o final deste ano.
Fotos: Wellington Pedro
Alceu Torres assina protocolo de intenções
Para o secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Alceu José Torres Marques, o protocolo é de extremo simbolismo para Minas Gerais uma vez que a preservação do bioma no estado tem sido questionada. “Diante do cenário atual, Minas ainda tem remanescentes de 3 milhões ha de Mata Atlântica de Sul a Norte. Por isso destaco o trabalho do IEF e da Subsecretaria de Fiscalização da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, pois é esse trabalho que faz com que o bioma, bem como os outros, sejam preservados, sempre com consciência da necessidade de desenvolvimento de Minas”, destacou.
O secretário explica que o protocolo é de extremo simbolismo para Minas Gerais
De acordo com o documento, serão doadas, por meio de compensação florestal, cinco áreas que apresentam elevada riqueza de espécies endêmicas, ameaçadas de extinção e que vêm sofrendo grandes pressões antrópicas. Cerca de 4 mil ha estão localizados no bioma Mata Atlântica e cerca de 2 mil ha no Cerrado, nos municípios de Mariana, Diogo de Vasconcelos, Ouro Preto, Pedro Leopoldo e Itabira.
As áreas identificadas como Fazendas Laranjeiras, Rodeio e Itacolomy estão inseridas em Mata Atlântica, bioma que, atualmente, apresenta menos de 15% de sua cobertura vegetal original no País. Tais fazendas representam cerca de 70% do total da área doada. Já as propriedades localizadas no Cerrado são a Fazenda Samambaia e as Propriedades Alto Rio Tanque, que somam 30% do total de 6 mil ha.
De acordo com o diretor Geral do IEF, Bertholdino Teixeira Junior, as áreas são de grande relevância ambiental. “A maioria dessas propriedades está situada nas adjacências de importantes UCs de proteção integral, o que possibilitará a ampliação e regularização fundiária de algumas delas, além da criação de corredores ecológicos”, ressaltou.
A Fazenda Rodeio, com 2.363 ha, representa mais de 50% do total de área doada no bioma Mata Atlântica e está situada nos municípios de Ouro Preto e Ouro Branco. A maior parte da propriedade (2312 ha) está inserida no Parque Estadual Serra do Ouro Branco, que tem hoje 7,5 mil ha, e irá permitir a regularização fundiária de, aproximadamente, 30% da UC. Os outros cerca de 50 ha poderão ser usados para ampliação da unidade.
Inserida no município de Mariana, a Fazenda Itacolomy, tem cerca de 800 ha. Ela também está localizada na área de abrangência do bioma Mata Atlântica e, mais especificamente, numa região denominada Florestas da Borda Leste do Quadrilátero.
Na fazenda, vizinha ao Parque Estadual do Itacolomi e limítrofe à Área de Proteção Ambiental Seminário Menor de Mariana, predomina a tipologia Floresta Estacional Semidecidual. “Essa doação poderá proporcionar a ampliação do Parque Estadual do Itacolomi, uma vez que está situada a aproximadamente 1,5 quilômetro da unidade. Nessa região estão diversas espécies de animais raros e ameaçados de extinção como o lobo-guará, a ave-pavó, a onça-parda e o andorinhão-de-coleira”, explicou o diretor.
Já a Fazenda Laranjeiras tem sua área localizada no interior da Área de Proteção Ambiental (APA) Gualaxo do Sul, uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável que também abrange área de Mata Atlântica. São 900 ha de área com relevo acidentado e presença de Áreas de Preservação Permanente (APPs), como os topos de morro. “Após um levantamento técnico, conseguiremos avaliar o potencial da região para a criação de uma Unidade de Conservação de Proteção Integral”, ressalta Teixeira Junior.
Cerrado
Ao assinar o documento com a Vale, o Estado poderá ampliar, também, a proteção ao bioma Cerrado. Exemplo disso é a doação dos cerca de 500 ha da Fazenda Samambaia. Do total da área, localizada no município de Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), cerca de 240 ha estão inseridos no Parque Estadual do Sumidouro, que hoje ocupa cerca de 2 mil ha de uma região denominada Área Peter Lund. Os outros cerca de 260 ha serão usados para ampliação da UC, ação que irá beneficiar espécies importantes da fauna como o mico-estrela, a raposa, o tatu-galinha, o veado-catingueiro, o gato-do-mato, a lontra e o tamanduá-de-colete.
Também no Cerrado, no município de Itabira e em uma área ambientalmente importante, denominada Espinhaço Meridional, estão 15 propriedades conhecidas como Alto Rio Tanque. Juntas elas somam cerca de 1,6 mil ha no interior da Área de Proteção Ambiental (APA) Morro da Pedreira e estão próximas aos Parques Estadual e Nacional da Serra do Cipó. Ao serem recebidas pelo Estado, essas áreas possibilitarão a ampliação da UC estadual ou, até mesmo, a criação de uma nova área de preservação em função das relevantes espécies da fauna e da flora nelas identificadas, como orquídeas, bambus, cacto, lobo-Guará, Calango, entre outras.
Veja aqui a localização das áreas
Ana Carolina Seleme
Ascom Sisema