A gerente de Unidades de Conservação do IEF, Cecília Fernandes Vilhena, reforça que o IEF tem como prioridade a participação da sociedade na gestão de suas unidades de conservação. “A conservação da biodiversidade depende de muitos atores, especialmente daqueles que vivem próximo a elas”, ressalta. “Atualmente, a política do Instituto é de ouvir as comunidades desde o momento da proposta de criação até a gestão da unidade já implantada”, completa.
Um exemplo prático do estreitamento do relacionamento da sociedade com a unidade de conservação foi apresentado pela monitora ambiental do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, Ana Eurica Mendes, que destacou as pesquisas científicas que vem sendo realizadas no local. “O conhecimento obtido é um fator importante para valorizar ainda mais as riquezas que existem no interior do Parque”, afirma.
Para Ana Mendes é preciso popularizar a ciência, tornando as informações mais claras e acessíveis a toda sociedade. “Outra forma é transformar o conhecimento popular em ciência, o que é feito com o direcionamento das pesquisas cientificas que vem sendo realizadas no Parque”, destaca.
A valorização do conhecimento popular também foi tema da palestra do gerente do Parque Estadual do Ibitipoca, João Carlos Lima de Oliveira, que destacou o trabalho desenvolvido pela equipe da unidade de conservação em busca do resgate das tradições locais. “O turismo desenfreado na região, que teve início na década de 1990 quase apagou uma série de costumes”, explica. “Sem identidade é impossível exigir qualquer trabalho em prol da natureza”, completa.
Foto: Evandro Rodney
João Carlos apontou o resgate de tradições locais como decisivo para o sucesso do trabalho em Ibitipoca
Oliveira observa que Conceição do Ibitipoca, comunidade que faz parte do município de Lima Duarte, é um exemplo do sucesso do trabalho. “A comunidade é uma das mais antigas de Minas Gerais, tendo registros que datam de 1692, mas que precisou de um trabalho intenso de estímulo de resgate de tradições”, afirma. Hoje em dia, afirma João Carlos, retornaram à agenda cultural da região celebrações religiosas como a realizada todos os anos no Cruzeiro do Parque e festas como as noites de Serestas e da Lembrança. “É importante observar que as celebrações convivem perfeitamente com outras festas modernas como o festival de blues que, anualmente, é realizado no distrito”, ressalta.
Tradições
Em Milho Verde, distrito do Serro, na região do Alto Jequitinhonha, o IEF começou um trabalho de proteção às tradições locais logo que assumiu a gestão do local em 2011, quando foi criado o Monumento Natural Várzea do Lajeado e Serra do Raio. O ex-gerente da unidade de conservação, Alex Luiz Amaral Oliveira, observa que a presença do IEF na região teve início já com o estímulo à participação das pessoas na implantação da unidade de conservação. “O local é muito procurado por turistas e buscamos conhecer a opinião dos moradores sobre os rumos do turismo no local”, afirma.
O desafio de conseguir o apoio dos moradores para a conservação da natureza foi o tema da palestra da analista ambiental do Escritório do IEF na região do Alto Médio São Francisco, Natalia Rust Neves. Ela observa que o norte de Minas abriga 60% da vegetação nativa de Minas Gerais, mas também um dos Índices de Desenvolvimento Humano mais baixos do País. “A região apresenta um alto potencial para conservação da biodiversidade e, ao mesmo tempo, um desafio enorme de gerar melhores condições de vida para as pessoas”, afirma.
Natalia Rust lembra o trabalho realizado na região do rio Pandeiros, um dos mais importantes afluentes do rio São Francisco. “A região, muito carente, apresentava altos índices de desmatamento e foi criado um projeto de desenvolvimento sustentável, executado entre 2005 e 2010 que praticamente erradicou o desmatamento ilegal na região”, destaca. “Hoje a região é uma floresta modelo, na qual são desenvolvidas atividades que conciliam a geração de renda e a preservação ambiental”, completa.
Emerson Gomes
Ascom Sisema
Ascom Sisema