IEF e Ibama dão início a tratamento com aparelho que acelera recuperação de animais silvestres

Notícia

Qui, 30 jul 2020


 

Foto: Guilherme Paranaiba

Cetas2 Cortada play

Clique para ver o vídeo: ouriço passa pelo tratamento com Laser para curar ferida na cabeça

 

Cicatrização mais rápida com menor tempo de tratamento, maior controle de infecções e mais economia de insumos para o poder público. São esses os principais benefícios proporcionados pelo aparelho que irradia ondas eletromagnéticas de laser, que passou a ser usado nos cuidados com a fauna silvestre no Centro de Triagem de Animais Silvestres de Minas Gerais (Cetas-MG), em Belo Horizonte. A estrutura é administrada em parceria pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O equipamento é pioneiro entre as 24 unidades dos Cetas distribuídos em 20 estados do Brasil e no Distrito Federal, e já coleciona, desde maio, excelentes resultados no tratamento de feridas dos animais que diariamente chegam à unidade de BH.


O grande diferencial é que ele estimula o processo de cicatrização, de acordo com a médica veterinária do IEF, Érika Procópio. Segundo ela, a cicatrização mais rápida permite que o animal se recupere em menos tempo, facilitando o tratamento. “O laser também tem um espectro de luz que bloqueia o crescimento microbiano, ajudando bastante no processo de controle de infecções. Recentemente, nós usamos esse laser em um mico que chegou com uma ferida muito contaminada em um dos joelhos. Em duas semanas o animal recebeu alta. Ele estava perfeito. Sem o equipamento, provavelmente, o tempo de recuperação demoraria um mês ou quem sabe até um mês e meio”, afirma a veterinária.


Também médica veterinária, a analista ambiental do Ibama, Laerciana Silva de Souza Matos, foi a responsável técnica no órgão federal pela compra do equipamento, que custou cerca de R$ 5,6 mil. Ela conta que tudo começou com uma estagiária do Cetas, que iniciou pesquisas sobre o assunto e ofereceu um equipamento que era usado por sua mãe em uma clínica de estética para ser testado no Cetas. Segundo Laerciana Matos, os resultados impressionaram. “O equipamento diminui os efeitos inflamatórios, aumenta a vascularização da área ferida e com isso acelera a produção do tecido de granulação. Além disso, ele atua aumentando a analgesia, o que significa a diminuição da dor no local. O resultado é uma recuperação mais rápida da ferida, com o animal ficando menos tempo internado e o órgão ambiental tendo menos gastos com medicação”, diz a analista do Ibama.


CUIDADOS IMPORTANTES


A partir da experiência, a equipe criou um protocolo de tratamento que varia de acordo com o animal e a extensão da lesão. A operação segue normas específicas, com preocupação especial às contraindicações, como neoplasias, uso diretamente sobre o olho e aplicação com alta frequência pelo risco de queimaduras.


Além do mico citado anteriormente, o laser já foi usado para o tratamento de um papagaio lesado por linha de cerol, um ouriço-cacheiro que teve parte da pele do crânio removida e também uma paca que sofreu um ferimento na cabeça, provavelmente causado por briga com cachorros, além de outros indivíduos de outras espécies. “O que mais chama a atenção é que tratamentos que poderiam durar meses são reduzidos para semanas. Realmente ele tem gerado um efeito muito positivo”, acrescenta Laerciana Matos. Outro aspecto importante é que como o procedimento tem dados ótimos resultados com o uso semanal, o animal acaba sendo manipulado menos vezes e por isso fica menos estressado. Isso garante, inclusive, uma liberação mais rápida para a soltura.


EXPANSÃO PARA OUTRAS UNIDADES


O sucesso do tratamento já leva os dois órgãos ambientais a trabalhar para expansão do uso em outras unidades. “Esse aparelho que irradia ondas eletromagnéticas de laser, que agora passou a ser usado no cetas de BH, exemplifica o empenho das equipes do IEF e do Ibama na busca constante em ofertar melhores condições de tratamento e cuidados para nossos animais, no Cetas. Vamos ampliar a utilização desse equipamento, nas nossas demais unidades compartilhadas com o Ibama e também em nosso Cetras de Patos de Minas”, afirmou o diretor-geral do IEF, Antônio Malard.


O superintendente do Ibama em Minas Gerais, Ênio Fonseca, assegura que o Cetas é uma de suas prioridades. “Mesmo convivendo com limitações orçamentárias, estamos trabalhando para ampliar a capacidade de atendimento dos nossos Centros de Triagem pelo Estado. O Programa de Conversão de Multas do Governo Federal possibilitará a aplicação de recursos na compra de novos equipamentos”, garantiu.


Em Minas, há quatro Centros de Triagem de Animais Silvestres. As unidades de BH, Juiz de Fora e Montes Claros são compartilhadas entre IEF e Ibama, enquanto a de Patos de Minas, que também é de reabilitação, é exclusiva da autarquia estadual. Cerca de 12 mil animais são recebidos por ano nas quatro unidades e uma possível ampliação do uso do laser pode beneficiar inúmeras espécies em todo o estado.


Guilherme Paranaiba
Ascom/Sisema