IEF fecha ciclo de três lives sobre gestão da fauna silvestre em Minas

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Qui, 23 jul 2020


Foto: IEF/Divulgação

live fauna dentro

Três lives no mês de julho debateram gestão da fauna silvestre em Minas

 

O Instituto Estadual de Florestas (IEF) realizou nessa terça (21/07), a terceira live voltada para o trabalho realizado nos Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) e a gestão da fauna silvestre em Minas Gerais. A atividade foi exibida no Instagram @cetas_mg e teve a participação dos analistas ambientais e médicos veterinários do IEF, Glauber Thiago Martins Mariano, do Cetas em Juiz de Fora, e Rafael Ferraz, do Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras) de Patos de Minas, respectivamente. O tema da live foi a soltura e destinação de animais silvestres. Na semana passada, o processo de triagem e reabilitação de animais foi tema da segunda live promovida pelo Instituto.

 

Na transmissão ao vivo desta terça-feira, Glauber Mariano expôs como é feita a soltura e destinação dos animais silvestres que são apreendidos em ações de fiscalização realizadas no Estado e explicou a diferença entre soltura imediata e soltura branda, duas modalidades previstas na legislação e praticadas em Minas Gerais. “A soltura imediata é quando o animal foi recém-capturado, sem machucados e tem condições clínicas de ser solto imediatamente”, afirmou. A legislação prioriza a soltura imediata. Mariano explica também que a Polícia Militar de Meio Ambiente, se tiver laudo médico veterinário, pode realizar esse tipo de soltura.

 

Já a soltura branda é aquela em que animais são levados para viveiros de aclimatação que ficam abertos. “Assim que animais se sentem à vontade, eles podem voltar à natureza”, afirmou. Antes da reintrodução é feito um estudo das áreas para reintrodução das espécies a fim de evitar desequilíbrio ambiental. Os danos causados entre uma soltura e outra podem ser evitados para não causar superpopulação.

 

Em Minas Gerais o Projeto Asas (Área de Soltura de Animais Silvestres) cadastra fazendas e propriedades rurais que possuam áreas com vegetação preservada nos três biomas que existem no Estado: Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica. Os profissionais do IEF fazem uma visita técnica às áreas candidatas para avaliação, que recebem a chancela se podem receber viveiros de aclimatação ou se tornarem áreas de soltura. “Nas visitas são avaliados todos os aspectos naturais da área, como os recursos florestais e recursos hídricos”, afirma.

 

A adesão é voluntária. “O retorno do proprietário é a felicidade de conviver com animais raros e muitas vezes ameaçados de extinção”, explica Mariano. “Esse é um dos instrumentos mais importantes para a conservação da biodiversidade em Minas Gerais”, afirmou Mariano.

 

SEGUNDA LIVE

 

Na terça-feira (14/7), o tema da transmissão ao vivo no Instagram foi o processo de triagem e reabilitação dos animais que chegam até os Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetras), administrados pelo IEF. Nesta segunda edição, participaram a veterinária do Cetas em Belo Horizonte, Érika Procópio, que também foi interlocutora da live, e a veterinária dos Cetas de Montes Claros, Osmarina Aparecida Santos, que falaram sobre a triagem e reabilitação dos animais que chegam aos Cetas.

 

Segundo Osmarina, o primeiro passo é a triagem, que consiste na avaliação clínica do animal e a devida identificação da espécie. “É como se fosse criada a identidade do bicho. Nesse momento é colocada uma anilha ou microchip que, posteriormente, irá guardar todo histórico do animal como: tratamentos submetidos, alimentação, tipo de dieta e medicamentos prescritos, quando e onde foi encontrado, onde foi solto, enfim, um relatório completo. Além disso, a veterinária lembrou que todo animal é vermifugado e tem os níveis de hidratação e nutrição verificados", explicou.

 

Segundo a veterinária, o critério para a escolha da anilha de aço, alumínio, ferro ou microchip depende do diâmetro das pernas dos pássaros e do porte dos animais, além de cada espécie ter um lugar específico determinado para que não possam retirar. Além disso, caso eles sejam recebidos em outros cetas, o microchip será localizado facilmente por outros profissionais. “Nos pássaros da espécie psitacídeos são colocadas as anilhas de aço. As anilhas de alumínio são colocadas nas aves passeriformes e os microchips são colocados em outras espécies, cmo mamíferos, em local estratégico para que elas não consigam retirá-los, uma vez que são corpos estranhos para o animal e eles, instintivamente, vão tentar se livrar”, enfatizou.

 

Ainda de acordo com Osmarina, depois de realizados todos os trâmites da triagem, os animais são submetidos a um período de quarentena para reabilitação e, somente após esse período, é finalizado o trabalho com a soltura na natureza.


Questionada sobre a alimentação dos animais, a veterinária informou que os filhotes recebem alimentos com estrutura e composição o mais próximo possível do que a mãe ofereceria. Os adultos são tratados com ração, embora alguns tenham resistência a esse tipo de alimento por não estarem acostumados. Nesse caso, são oferecidas frutas, coco, pequi entre outros tipos de variedades encontrados na região.

 

Durante sua participação, a veterinária Érika Procópio destacou a importância do trabalho integrado de estudantes da área, biólogos e veterinários, que se envolvem como parceiros desde a triagem até a soltura dos animais nos seus hábitats.

 

O CETAS MONTES CLAROS

 

A estrutura atual do Cetas Montes Claros funciona nas edificações do Ibama e é compartilhada com o IEF. Minas Gerais conta, atualmente, com três Cetas: um em Belo Horizonte, um em Juiz de Fora e o de Montes Claros, além do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras) de Patos de Minas. Em 2019, A unidade recebeu 240 filhotes de psitacídeos provenientes apenas de uma apreensão, além de outros pássaros e animais como primatas, gambá, furão, dentre outros.

 

Dos animais recebidos nos Cetas de Montes Claros, 80% são aves passeriformes e psitacídeos, o restante são mamíferos e répteis. Entre as espécies recepcionadas estão o amazonas chiva, periquitos, trinca ferro, pássaro preto, sofrer, esporófilas, mamíferos (gambás, furão, cachorro do mato, raposa), primatas (macaco prego, mico estrela), répteis (jaboti, iguana, serpentes, cascavel, corais).

 

A diretora de proteção à fauna do IEF, Liliana Mateus, ressalta que as lives têm o objetivo de sensibilizar o público sobre a importância da conservação da fauna silvestre e divulgar ações feitas pelas equipes do IEF e seus parceiros, desde a chegada dos animais aos Cetas, passando pela triagem e reabilitação, até a etapa de destinação e soltura. “A realização dessas lives no Instagram pretende criar uma aproximação com o público que utiliza essa rede social, uma vez que, atualmente, possui grande alcance”, explicou.

 

A primeira live ocorreu no dia 7 de julho e trouxe uma introdução conceitual dos Cetas e as legislações pertinentes. A atividade reuniu o diretor-geral do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Antônio Augusto Melo Malard, o superintendente regional do Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Ênio da Fonseca e a veterinária do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) de Belo Horizonte, Ericka Procópio Tostes Ferreira. O trabalho teve a mediação de Rafael Ferraz, do Cetras de Patos de Minas.

 

Emerson Gomes e Wilma Gomes
Ascom/Sisema