O processo de criação do Parque foi iniciado pela Prefeitura de Boa Esperança e por lideranças locais preocupadas com o avanço da ocupação humana que ameaçava o patrimônio natural formado pela Serra. A ampliação da agricultura e a criação do reservatório de Furnas tornaram pequena a disponibilidade de terras no município para a expansão da atividade agropecuária, o que levou agricultores, sitiantes e pecuaristas a expandirem atividades para áreas inadequadas da Serra.
A conservação dos abundantes recursos hídricos da região é um dos principais motivos da criação do Parque. A área abriga várias nascentes e cursos d'água de tributários do Rio Grande e do Lago de Furnas e que são responsáveis pelo abastecimento de comunidades de propriedades localizadas no sopé da Serra.
Os estudos técnicos elaborados pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) apontam a existência de fragmentos vegetais importantes, apesar da intensa atividade humana. A área apresenta, ainda, em locais de difícil acesso, vegetação representativa de Mata Atlântica, cerrado e campos de altitude em bom estado de conservação.
O Parque Estadual da Serra da Boa Esperança apresenta um relevo bastante acidentado, variando das chapadas planas às áreas de serras e escarpas. Nas chapadas a altitude varia de 900 a 1.100 metros e nas serras e cumes chegam a 1.400 metros.
A importância ecológica da área é confirmada pelo Atlas para a Conservação da Biodiversidade do Estado de Minas (Biodiversitas). Na publicação, a ‘Bacia de Furnas' é classificada como prioritária para a preservação, tanto de espécies da fauna como da flora, algumas delas ameaçadas de extinção.
O Parque ainda reúne grande potencial turístico com suas gargantas, cânions, cachoeiras e corredeiras. Os cursos d'água, de aspecto cristalino, indicam a boa qualidade para o consumo humano e de animais, tornado a preservação dos mananciais de primeira necessidade para o abastecimento das comunidades e fazendas localizadas no sopé da Serra.
A Serra da Boa Esperança também é famosa pela canção de mesmo nome, de Lamartine Babo. No século 20, o cantor e compositor gaúcho correspondeu-se com Nair, uma mineira de Dores de Boa Esperança. Tempos depois, visitando a cidade, ele descobriria que Nair era uma menina, sobrinha de um admirador seu, o dentista Carlos Alves Neto, verdadeiro autor das cartas. Juntos, fizeram a canção.
Com a transformação da Serra da Boa Esperança, Minas Gerais passa a ter 30 unidades de conservação da categoria que somam cerca de 406.450 hectares de áreas protegidas. É o quarto Parque criado em Minas Gerais em 2007. Em janeiro, foi criado o Parque Estadual de Pau Furado (em Uberlândia e Araguari); em março, o Caminho dos Gerais (norte do Estado, nos municípios de Mamonas, Gameleiras e Monte Azul) e Serra do Intendente (Conceição do Mato Dentro). Só este ano, 57.800 hectares de áreas importantes foram protegidas.
17/05/2007
Fonte:
Assessoria de Comunicação
Sistema Estadual de Meio Ambiente