Parque do Rola-Moça alerta para aumento do abandono de animais no fim do ano

Notícia

Qui, 12 dez 2019



Fotos: Sabrina Resende/Parque Estadual do Rola-Moça
Animais abandonados Original2 Interna  
Animais são constantemente deixados no Parque do Rola-Moça

No mês destinado à conscientização da população contra o abandono de animais, o Parque Estadual da Serra do Rola-Moça alerta para a recorrência de bichos abandonados na área da unidade de conservação que fica na Região Metropolitana de Belo Horizonte e também em seu entorno. A prática, que fica ainda mais recorrente no fim do ano e configura crime ambiental, passou a ser tema de campanha na internet alertando para esse problema, no período conhecido como dezembro verde.

Por e-mail, WhatsApp e pelas redes sociais, a unidade tem encaminhado mensagens destacando que o abandono de animais é crime, tanto de acordo com o Código Penal quanto com a Lei de Crimes Ambientais. Ambas legislações estipulam punição para quem abandona um animal sem os cuidados necessários. No caso da Lei de Crimes Ambientais, essa conduta gera detenção de 3 meses a 1 ano, além de multa. Já o Código Penal traz pena de detenção de 15 dias a 6 meses, ou multa.

De acordo com a monitora ambiental do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, Sabrina Rita Resende, é muito comum as pessoas abandonarem, sobretudo cachorros, na unidade de conservação ou em seu entorno nessa época do ano. "A gente percebe que são animais abandonados porque eles têm comportamentos domesticados, obedecem a ordens, não são agressivos e não entram em lugares desconhecidos", diz ela.

Como nessa época do ano é comum as pessoas viajarem para festas de fim de ano, o problema se intensifica, segundo a monitora ambiental. "Nosso objetivo é mobilizar de alguma forma, mostrar que essa situação é crime e existe um canal de denúncias", diz Sabrina, ao se referir ao telefone 181, do Disque Denúncia.

Segundo a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), em 2017 foram registradas 3.961 denúncias de maus tratos a animais em Minas. Em 2018, esse número subiu para 4.071 denúncias e de janeiro a novembro deste ano já são 4.564 casos, 12% de aumento mesmo sem computar o mês de dezembro nos dados de 2019. Como não há estratificação por abandono, esse tipo de registro é enquadrado como maus tratos.

Para o diretor de Unidades de Conservação do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Cláudio Castro, o abandono de animais domésticos por si só já é um grande problema. Quando isso acontece nas áreas verdes protegidas, o problema é ainda maior. “Animais domésticos em unidades de conservação interferem diretamente na vida das espécies que são preservadas nas unidades. Elas acabam competindo por recursos com as espécies nativas e transmitem doenças aos animais silvestres. Por isso, é muito importante que a população seja informada, porque somente uma mudança de atitude poderá resolver este problema definitivamente”, afirma o diretor.

Sabrina Resende destaca ainda que as pessoas precisam ter a real noção de que quando escolhem ter um cachorro, gato, ou qualquer outro animal doméstico, aquele bicho depende de seu responsável. "Os animais não podem ser considerados como bichos de pelúcia, que você não quer mais e joga fora. Além da alimentação, é importante ter um carinho com o bicho", orienta a monitora ambiental. Em 2020, a ideia do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça é desenvolver uma campanha maior, inclusive com atividades externas que poderão ser compartilhadas também por outros parques.

Guilherme Paranaiba
Ascom/Sisema