Foto: IEF/Divulgação
Unidades de Conservação de Minas Gerais contam com cadeiras adaptadas para que pessoas com mobilidade reduzida e deficiência aproveitem as belezas naturais locais
Percorrer trilhas, ter acesso a cachoeiras ou assistir ao pôr do Sol no topo das montanhas das Gerais. Ciente de que essa conexão com a natureza é um direito de todos, o Governo de Minas investe em equipamentos para tornar os parques estaduais cada vez mais inclusivos. Desde novembro de 2023, Pessoas Com Deficiência (PCD) e mobilidade reduzida contam com cadeiras de rodas adaptadas para se locomoverem dentro de 18 unidades de conservação de Minas.
A aquisição visa garantir que todos os cidadãos em Minas, independente de suas limitações físicas, possam desfrutar das belezas naturais e das experiências que os parques estaduais têm a oferecer. As cadeiras, do tipo Julietti e anfíbia, foram adquiridas pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), por meio de emenda parlamentar recebida pela Secretaria de Estado de Cultura (Secult) no valor de R$ 120 mil.
Os equipamentos estão presentes em unidades de conservação de grande atrativo turístico, como os parques do Rio Doce, Rola-Moça, Biribiri, e o Monumento Natural Estadual Serra da Piedade, entre outros (veja lista). As 18 cadeiras são adaptadas para permitirem o acesso a terrenos irregulares e montanhosos, e foram desenvolvidas especialmente para que PCD possam fazer atividades nesses locais, como montanhismo.
“As Pessoas Com Deficiência (PCD) têm o direito ao turismo e ao lazer em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Cabe à administração pública desenvolver estratégias para que esse direito seja cumprido. Assim, essa iniciativa não apenas promove a inclusão, como também estimula a conscientização sobre a importância da acessibilidade e da preservação. Quanto mais pessoas têm essa conexão com as áreas protegidas, maior é a consciência ambiental da população”, comenta o diretor-geral do IEF, Breno Lasmar.
No Parque do Ibitipoca, a aquisição das cadeiras veio por meio de jantar beneficente feito pela administração do parque e moradores da região. Atualmente, há duas cadeiras disponíveis na unidade e Pessoas Com Deficiência percorrem os principais pontos, como o mirante Janela do Céu.
Experiência
Neste mês de março, o Parque Estadual do Rola-Moça ganhou as atenções das redes socais após a artista Bianca Azevedo, que tem deficiência, estrear a cadeira Julietti e curtir as atrações do parque. A experiência foi postada nas redes sociais da artista.
“Com a ajuda de um grupo de trilheiros, que dá suporte a essas pessoas para que elas vivam novas experiências, Bianca foi até o mirante Três Pedras, no Alto do Parque, e percorreu dois quilômetros até a cachoeira do Pitangueiras, e depois voltou para a sede do parque. Com a cadeira é possível fazer o passeio na parte de baixo do Rola-Moça, onde é mais plano e tranquilo. Com a ajuda desse grupo, ela conseguiu ir além com a cadeira e foi fantástico”, comenta o gerente do Parque Rola Moça, Henri Collet.
Warley Gomes de Oliveira é um dos trilheiros que ajudou Bianca nesse passeio. Ele conta que faz parte desse grupo e sempre quer incluir alguém nas trilhas que faz. “Essa cadeira em nossa Serra do Rola-Moça é uma grande conquista, uma vez que é bem prática para incluirmos em trilhas leves. Duas pessoas conseguem transpô-la tranquilamente”, diz. Sobre a experiência com Bianca, ele diz que o conforto da cadeira fez a diferença. “Foi uma energia surreal”. "Foi uma experiência que nunca imaginei passar. Eu amei", disse Bianca.
Oportunidade econômica
Para além da garantia de direitos, a inclusão deste público se constitui ainda uma grande oportunidade econômica, segundo estima o IEF. De acordo com dados do ICMBio, mais de 1 milhão de visitas anuais por pessoas com deficiência poderiam se somar aos cerca de 15 milhões já registrados anualmente nas unidades de conservação federais.
De acordo com a Organização Mundial do Turismo, o público que busca destinos acessíveis já chega a 12% da população de países como Austrália e Reino Unido. Nos EUA, uma das referências mundiais na promoção da acessibilidade, estima-se que o consumo por parte dos visitantes com deficiência seja da ordem de US$ 129 por dia, e o turismo acessível tem potencial de geração de US$ 3,6 bilhões em receita anual nos parques americanos, conforme divulgado pelo Instituto Semeia.
Unidades de conservação que possuem cadeiras adaptadas
Parque Estadual do Itacolomi (Ouro Preto e Mariana);
Parque Estadual da Serra do Rola Moça (Belo Horizonte, Brumadinho, Ibirité, Nova Lima);
Parque Estadual Mata do Limoeiro (Itabira);
Estação Ecológica Água Limpa (Cataguases);
Parque Estadual do Rio Preto (São Gonçalo do Rio Preto);
Parque Estadual Pico do Itambé (Santo Antônio do Itambé, Serro e Serra Azul de Minas);
Parque Estadual da Lapa Grande (Montes Claros);
Parque Estadual do Rio Doce (Marliéria, Dionísio, Timóteo);
Parque Estadual do Pau Furado (Araguari e Uberlândia);
Parque Estadual do Biribiri (Diamantina);
Parque Estadual Serra do Brigadeiro (Araponga, Divino, Ervália, Fervedouro, Miradouro, Muriaé, Pedra Bonita, Sericita);
Parque Estadual Nova Baden (Lambari);
Parque Estadual da Baleia (Belo Horizonte);
Parque Estadual Serra do Papagaio (Alagoa, Aiuruoca, Baependi, Itamonte, Pouso Alto);
Parque Estadual de Grão Mogol (Grão Mogol);
Parque Estadual Serra Nova e Talhado (Rio Pardo de Minas, Serranópolis de Minas, Mato Verde, Porteirinha, Riacho dos Machados);
Monumento Natural Estadual Serra da Piedade (Caeté);
Parque Estadual Serra Verde (Belo Horizonte);
Parque Estadual do Ibitipoca (Lima Duarte) – recursos próprios.
Luciane Evans
Ascom/Sisema