Cerca de R$ 600 mil foram investidos pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) na construção da portaria e reforma do conjunto arquitetônico da antiga fazenda Lapa Grande que se tornou a sede do Parque. Um sistema de tratamento foi construído para cuidar do esgoto gerado. A sede dispõe ainda de estacionamento, banheiros acessíveis e um engenho que resgata a tradição histórica da região.
Na solenidade, foram homenageados pelo trabalho desenvolvido na preservação dos recursos naturais do Estado, o coordenador de Justiça da Bacia do São Francisco, Paulo César Vicente de Lima; o ambientalista Paulo Farias Ribeiro; a analista ambiental do Escritório Regional Norte do IEF, Marli Vitorino Tiago Siqueira, e o funcionário do Parque Estadual da Lapa Grande, Nélson Thiago Siqueira.
O secretário José Carlos Carvalho, que atualmente também é o diretor-geral do IEF, órgão que admistra o Parque da Lapa Grande, afirmou que a unidade de conservação, rapidamente, se tornará uma referência para o país. "Esta é uma unidade de primeira linha entre as áreas prioritárias para a conservação da natureza por reunir, em abundância, fauna, flora, recursos hídricos e um valioso patrimônio espeleológico", destaca.
Carvalho ressalta o trabalho de regularização fundiária das áreas protegidas estaduais executado pelo IEF que destinou R$ 17,4 milhões nos últimos três anos somente para o Lapa Grande que já tem 88,4% de sua área regularizada. Ele afirma que a entrega das obras em Lapa Grande simboliza a conclusão das obras de infraestrutura realizadas nas unidades de conservação do Norte de Minas. Nos últimos oito anos foram reformadas e construídas estruturas nos Parques Estaduais de Grão Mogol, Serra Nova, Lagoa do Cajueiro, Lapa Grande, Serra das Araras e Veredas do Acari, na Reserva Biológica do Jaíba e no Refúgio de Vida Silvestre do Pandeiros.
O secretário anunciou ainda a proposta de ampliação do Parque Estadual da Lapa Grande que, em 2011, pode ter mais cinco mil hectares incorporados à área atual. "Os estudos técnicos já estão prontos, em breve serão realizadas as reuniões de esclarecimento à população sobre a proposta que garantirá a proteção dos manaciais que abastecem 40% da população de Montes Claros", afirma.
Sede
O complexo, contruído para se tornar a sede administrativa, possui três estruturas principais: espaço para a administração, alojamento institucional e centro para recepção ao visitante. O local abrigará os funcionários da unidade de conservação, bem como os equipamentos que são utilizados no trabalho, como o sistema de comunicação e os materiais de combate a incêndios florestais. O centro para recepção ao visitante dispõe de um espaço multiuso que pode receber até 30 pessoas em atividades de educação e interpretação ambiental, como as que já vem sendo realizadas com professores e alunos de escolas de Montes Claros.
A gerente do Parque Estadual da Lapa Grande, Aneliza Miranda Melo observa que a inauguração da primeira etapa de obras consolida o trabalho de implantação da unidade de conservação que agora dispõe da infraestrutura necessária para a proteção da área. Ela observa, no entanto, que a abertura da unidade à visitação pública se manterá restrita e mediante agendamento. "A realização de uma série de estudos como o plano de manejo, especialmente o plano de uso público, previstos para serem desenvolvidos em 2011 definirão os critérios para a visitação", explica.
Riquezas
O Parque Estadual da Lapa Grande foi criado em janeiro de 2006 pelo Decreto Estadual nº 44.204. Os 7,6 mil hectares da unidade protegem um dos mais importantes patrimônios natural, cultural e histórico de Minas Gerais, abrigando cerca de 50 grutas, sendo a maior delas a Lapa Grande com 2,2 quilômetros. Formações como estalactites e estalagmites, cascatas, cortinas translúcidas e vulcões podem ser observados na área, sendo que este último é de ocorrência rara em cavernas brasileiras.
O Parque Estadual da Lapa Grande está inserido na zona de transição entre os biomas Cerrado e Caatinga, apresentando ainda remanescentes de mata seca. Entre as espécies encontradas no local podem ser citados o Ipê Tabaco, o Pequi, a Aroeira e a Sucupira Branca. A rica vegetação, aliada à existência dos abrigos rochosos, propicia a presença de animais de grande importância ecológica. Algumas das espécies observadas no Parque estão ameaçadas de extinção, como o Tamanduá-Mirim e a Onça Parda.
Pesquisas realizadas no Parque já identificaram 47 sítios arqueológicos. As áreas conhecidas como Lapa Pequena e Lapa Pintada são as principais áreas para a investigação arqueológica. No grande abrigo da Lapa Pintada podem ser observadas mais de mil pinturas rupestres de temáticas diversificadas. Também foram encontradas cerâmicas, restos vegetais e de fauna, além de ossos humanos. Os resultados da pesquisa sobre a ocupação pré-histórica confirmaram a datação de objetos de 8,5 mil anos atrás, encontrados na década de 1970 por pesquisadores canadenses.
A biodiversidade do Parque também é objeto de investigações científicas no Parque Estadual da Lapa Grande. Um termo de cooperação técnica firmado entre o IEF, a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e a UFMG irá estimular a realização de novas pesquisas na unidade. Atualmente, sete pesquisas são desenvolvidas no interior da unidade de conservação, envolvendo estudos sobre a fauna e a flora.
Fonte: Ascom/ Sisema
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