Fotos: Valquiria Lopes
Dirigentes do Sisema, representantes da prefeitura de Eessaquinha e o proprietário da fazenda,Sr. José Maria Santa Rosa, durante o cercamento da primeira nascente do Rio Doce
Na Serra da Mantiqueira, na Região Central de Minas Gerais, um filete de água que se transforma em um dos rios mais importantes e volumosos do Estado recebeu proteção. Nesta quarta-feira, 29 de maio, o Governo de Minas inaugurou o cercamento da primeira nascente da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, localizada no município de Ressaquinha. A mina foi protegida pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF). A entrega do cercamento foi marcada pelo plantio de 72 mudas de espécies nativas da região, com presença do secretário Germano Vieira e do diretor-geral do Instituto, Antônio Malard.
A primeira nascente da Bacia Hidrográfica do Rio Doce está situada no Rio Piranga. O trabalho de preservação foi previamente planejado por técnicos do IEF, que estudaram as melhores formas de proteger a área. A iniciativa foi concretizada no evento, que teve também a participação do proprietário da área rural, José Maria Santa Rosa, além de autoridades da região e convidados.
A propriedade rural que abriga a nascente possui 9,61 hectares e está inserida em região de Mata Atlântica. Entre as espécies utilizadas no plantio estão Quaresmeira Roxa e Rosa, Guatambu, Pitanga, Araçá, Adrago, Cutieira e Ingá. O material para cercamento fornecido aos produtores foi obtido por meio da parceria do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) com o banco alemão de desenvolvimento KfW, por meio do Projeto de Proteção da Mata Atlântica - Fase II (Promata II). As mudas foram produzidas nos viveiros do Instituto.
No evento de cercamento, o secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Germano Vieira, afirmou que a preservação das nascentes e matas ciliares é o primeiro passo para a preservação das Áreas de Preservação Permanente e chamou a atenção para os projetos de saneamento tão fundamentais para melhorar não só a qualidade de vida das pessoas, mas também a preservação dos recursos naturais. Ele ainda destacou o novo trabalho que a pasta ambiental tem pela frente, nessa área.
No evento, o secretário Germano Vieira afirmou que a preservação das nascentes e matas ciliares é o pirmeiro passo para a preservação das Áreas de Preservação Permantente
“A Semad está recebendo o dever de conduzir políticas de saneamento no Governo Romeu Zema pela reforma administrativa, aprovada na Assembleia, semanas atrás. E, pela primeira vez, estamos unindo as políticas de saneamento e de meio ambiente e, obviamente, ter boa qualidade ambiental também passa por ter saneamento básico adequado”, afirma Germano Vieira.
O secretário ainda destacou a importância da contribuição do produtor rural para a preservação do Rio Doce, iniciativa que ecoa não só em Minas, mas também no Espírito Santo, por onde o rio passa até desaguar no mar. “Não fossem pessoas como o senhor José Santa Rosa, que deu valor a essa nascente, não conseguiríamos, de fato, governar, já que o poder público não consegue fazer, na prática, muito mais diante do que cada cidadão pode fazer”, completou.
De acordo com o diretor-geral do IEF, Antônio Malard, outras 17 nascentes estão em processo de recuperação na região
O trabalho de preservação de nascentes do IEF ocorre em todo o Estado e, como explicou o diretor-geral do IEF, Antônio Malard, traz inúmero benefícios. “Somente nessa região, outras 17 nascentes estão passando pelo processo de recuperação, além de centenas de nascentes já recuperadas no estado, em parceria com diversas instituições”, disse. Ele ressaltou que os projetos dessa natureza contribuem para melhoria da qualidade e da quantidade de água no solo, para reduzir evaporação nessas áreas, além de aumentar a infiltração da água no solo e proteger a nascente do gado, em áreas rurais.
Representando o prefeito de Ressaquinha, o secretário municipal de Administração, Leonardo Possa, afirmou que ter a nascente no território do município é motivo de orgulho e admitiu que ainda há muito o que ser feito para preservação. “Quero aproveitar para, diante de uma riqueza ambiental tão grande, fazer um mea culpa, porque aqui no município temos muito o que fazer, temos que incentivar o pessoal na escola, tratar das questões de saneamento, entre tantas outras ações”, afirma. Ele ressaltou que “iniciativas assim servem de exemplo para nossa comunidade, que é muito pequena, para que as pessoas possam enxergar, de maneira diferente, o que de fato precisa ser feito que é melhorar nossa relação com o meio ambiente e desenvolver mais ações”.
À frente da Promotoria de Defesa do Meio Ambiente da Comarca de Ressaquinha, a promotora Elissa Maria Lourenço, agradeceu pelo apoio que a Semad e o IEF têm prestado à região. “Espero que esse trabalho tenha repercussão e seja o primeiro de muitos outros, porque o benefício é extremo. É inimaginável o ganho ambiental que vai se ter daqui alguns anos com esse projeto que começa aqui hoje”, disse. Elissa agradeceu especialmente ao dono da propriedade, José Maria Santa Rosa, e lembrou que convive diariamente na Promotoria com situações em que é necessário equilibrar o sustento com a preservação ambiental e ele tem conseguido isso em sua terra.
A Promotora de Justiça Elissa Maria Lourenço também partiicpou do plantio e disse que espera que esse trabalho tenha repercussão e seja o pirmeiro de muitos outros
Também participam do evento prefeitos de municípios inseridos na Bacia do Rio Doce, presidentes dos Comitês de Bacias Hidrográficas dos Rios Doce e Piranga, além de representantes do Ministério Público de Minas Gerais.
Histórico
Em 2015, o Comitê da Bacia Hidrográfica (CBH) do Rio Doce já havia demonstrado preocupação com a primeira nascente da Bacia do Rio Doce, tendo em vista que esta estava desprotegida e com presença de gado. Em 2019, o IEF destinou os primeiros insumos provenientes da parceria com o Promata II para cercamento das nascentes localizadas na propriedade de José Maria Santa Rosa, que é dono das terras onde fica a primeira nascente da Bacia do Rio Doce. A primeira visita ao proprietário ocorreu na sexta-feira, dia 1 de março de 2019.
No primeiro contato, o supervisor regional do IEF, Ricardo Loschi e o coordenador regional de Conservação e Recuperação de Ecossistemas, Edmilson da Silva, explicaram ao proprietário a importância de realizar o cercamento. José Maria Santa Rosa aceitou o convite para a proteção dessa nascente. Além de sediar as nascentes da Bacia do Rio Doce, a Região Centro-Sul é a porção de Minas onde estão localizadas também as primeiras nascentes das Bacias dos rios Velhas, Paraopeba, Xopotó, Pomba, Mortes e Paraibuna.
Emerson Gomes e Valquiria Lopes
Ascom/Sisema