A importância das florestas para Minas Gerais e o estabelecimento de parcerias para a preservação ambiental no estado e no Brasil foram os principais assuntos abordados na abertura da Semana Florestal, nesta terça-feira (20/09). As atividades se estenderão durante até o sábado em diversos regionais do Instituto Estadual de Florestas (IEF) no interior.
“Queremos mostrar o importante papel que o IEF tem como garantidor da preservação e do matrimônio ambiental de Minas Gerais, um dos Estados mais relevantes no aspecto da preservação do meio ambiente no país”, disse o diretor geral do órgão, João Paulo Sarmento.
João Paulo lembrou, também, que todos devemos pensar nossa relação com a natureza, fazendo com que essa interação seja harmoniosa. “Precisamos construir junto com a sociedade e por meio de parceiras, ações que efetivem nossa causa, que é de tão grande nobreza: a preservação de nossos bosques e florestas”, afirmou.
Crédito: Janice Drumond
Diretor geral do IEF fala da importância das florestas em Minas
Durante a abertura foi lançada a Campanha publicitária do Previncêndio: “Incêndios Florestais. Eles também atingem você”. O foco do lançamento é a prevenção aos incêndios florestais e os danos causados à flora e fauna, além das perdas e como os impactos na atmosfera, devido ao lançamento de gases de efeito estufa e gases tóxicos na atmosfera, afetam milhares de pessoas.
No lançamento foi assinado um termo de doação de materiais para auxílio ao combate aos incêndios. A Organização Não Governamental Brigada 1, entidade sem fins lucrativos que promove o apoio às Unidades de Conservação (UC), doou ao IEF 585 capacetes, 490 conjuntos de uniformes (calça e gandola) para combate, 280 protetores auditivos, 960 luvas em couro, 880 perneiras, 910 óculos modelo ampla visão, 500 cantis, 495 coturnos, 408 apitos e 15 sopradores costais. Os materiais foram entregues por meio do repasse de recursos da Empresa Anglo American Minério de Ferro do Brasil S/A e serão utilizados nas UCs, especialmente naquelas localizadas nas regiões Alto Médio São Francisco, Norte e Jequitinhonha.
O presidente da Ong Brigada 1, Daniel Almeida Rocha, agradeceu a oportunidade e reafirmou que “a parceria com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável cria condições favoráveis para que as ações de combate aos incêndios e o apoio aos brigadistas voluntários seja mais efetiva”.
Crédito: Janice Drumond
Representantes durante assinatura de termo de doação
Seminário
A palestra magna contou com a contribuição do representante da Cooperação entre o Brasil e a Alemanha (GIZ), Taiguara Alencar. O especialista trouxe reflexões sobre a restauração ecológica e o Programa de Regularização Ambiental (PRA). “O desafio para a implementação do PRA é grande, muito maior e complexo que o Cadastro Ambiental Rural (CAR)”, disse.
Segundo Taiguara Alencar, a restauração de áreas é possível, mas que parcerias são fundamentais, especialmente com o setor privado. “Para isso, será necessária uma infraestrutura completa de viveiros, redes de sementes e, principalmente, de pessoal”, disse.
No final da discussão os participantes foram convidados a refletir sobre as condições para que essas ações sejam implementadas.
Crédito: Janice Drumond
Palestra Magna propôs reflexões sobre a restauração ecológica e o PRA
Cadastro Ambiental rural
O gerente de Gestão de Reserva Legal do IEF, Gustavo Godoi, apresentou o trabalho para cadastramento das propriedades rurais em Minas Gerais, os desafios e cenários de ações.
Em dois anos, com a realização de treinamentos, palestras, mobilização, atendimentos de balcão e parceiras com instituições como a Faemg, Fetaemg, Secretaria Estadual de Agricultura, Emater e Associação Mineira de Municípios (AMM), foi possível cadastrar 570 mil imóveis rurais em Minas Gerais, o que representa 99% do total de imóveis rurais no Estado. “Minas Gerais tem o maior número de cadastro na base federal”, disse Godoi.
De acordo com o gerente, o desafio agora é validar as informações cadastradas e realizar, por meio do Plano de Recuperação Ambiental (PRA), a recuperação das áreas degradadas em Áreas de Preservação Ambiental (APP) e de Reserva Legal (RL). “Esse trabalho de validação e da realização do PRA pelos usuários exigirá novamente um esforço das equipes e parceiros envolvidos”, afirmou.
Plano de Energia e Mudanças Climáticas
O Plano de Energia e Mudanças Climáticas de Minas Gerais (PMEMC) foi apresentado pelo gerente de Energia e Mudanças Climáticas da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Felipe Nunes, como parte da solução ao se trabalhar na recuperação de áreas de preservação e também para mitigar os efeitos dos gases de efeito estufa.
O PMEMC foi lançado em 2015 com prazo para execução em 15 anos. Seus objetivos principais são promover uma economia de baixo carbono no estado; reduzir a vulnerabilidade do território mineiro aos eventos do clima e trabalhar em articulação e transversalidade com outros órgãos. Estimativas do último Inventário Estadual de Gases de Efeito Estufa indicam um total de 123 milhões de gases de efeito estufa no estado de Minas Gerais no ano de 2010. “Diante desse cenário, vejo que temos a possibilidade de aproveitar a recuperação de áreas degradadas para a remoção de carbono”, disse.
As metas acordadas pelo Brasil na recente assinatura do Acordo de Paris, estabeleceu objetivos como zerar o desmatamento ilegal até 2030; restaurar 15 milhões de hectares de pastagens degradadas e reflorestar/restaurar 12 milhões de hectares.
Um estudo realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) identificou um passivo florestal em Minas Gerais de 1,6 milhão de hectares. “No sentido de colaborar com as metas estabelecidas pelo governo federal e, diante do cenário apresentado, se recuperarmos ou restauramos essa área de passivo apresentadas pelo estudo, teríamos de 120 a 160 milhões de toneladas de carbono”.
Política Estadual de Serviços Ambientais
Durante o Seminário foi apresentada, também, a minuta de um Anteprojeto de Lei da Política Estadual de Serviços Ambientais. O especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, Leonardo Diniz Reis Silva, mostrou as diretrizes da Lei e o que se espera caso a Lei seja aprovada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
O próximo passo do IEF é encaminhar o documento para a Casa Civil para análise e encaminhamento à ALMG. Caso aprovada, a Lei segue para sanção do governador.
Ascom/Sisema
Milene Duque