Segundo o Capitão dos Portos da Capitania Fluvial do São Francisco, da Marinha do Brasil, Capitão de Corveta Fortunato Lobo Lameiras, a ênfase do treinamento é na segurança da condução das embarcações. "A atividade é resultado da intensificação da relação entre a marinha e o Estado de Minas Gerais, visando a segurança dos técnicos e das embarcações no trabalho", afirma.
No treinamento, os técnicos tiveram aulas práticas de condução de embarcações, noções legislação aquaviária, de operação das máquinas e motores além de orientações sobre emergências a bordo, como primeiros socorros e combate a incêndios. Os técnicos puderam praticar os conhecimentos em duas embarcações: uma lancha de oito metros e outra menor, de cinco metros.
Esse é o primeiro curso do gênero com técnicos do Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema). O gerente de Gestão da Fauna Aquática e Pesca do IEF, Marcelo Coutinho Amarante, observa que para o trabalho de fiscalização da atividade pesqueira é necessária a utilização constante de barcos. "Somente no trecho do rio São Francisco entre Pirapora e Manga são 486 km, sem falar nos inúmeros afluentes".
Marcelo Coutinho afirma que o trabalho do IEF tem sido principalmente de sensibilização dos pescadores sobre a importância de desenvolver a atividade de forma sustentável. "Somente a conscientização de todos permitirá que a fauna aquática e a atividade pesqueira sobrevivam", afirma. Ele observa que o Instituto desenvolve parcerias com as comunidades locais para potencializar as ações de educação ambiental. "Já temos um trabalho muito bem articulado com as colônias de pescadores do Estado e buscaremos envolver prefeituras e demais segmentos da sociedade na questão", informa.
Regionais
O trabalho de fiscalização do uso dos recursos pesqueiros em Minas Gerais ganha contornos diferentes de acordo com a região. A grande extensão do Estado determina diferentes formas de ação para a atividade. O analista ambiental José Vanderval de Melo Júnior, do Escritório Regional do IEF em Januária, observa que, na região, há um cuidado especial com o rio Pandeiros, onde a pesca é proibida durante todo o ano.
O rio nasce entre as Serras do Gibão e das Araras, percorre 145 km, recebendo a contribuição de treze afluentes, e deságua no rio São Francisco. No Pandeiros, a 1,5 Km de sua foz, encontra-se o único pântano de Minas Gerais, com área inundada de três mil hectares. A área é responsável, juntamente com o conjunto de lagoas marginais, por uma parte importante da reprodução de peixes da Bacia do Médio São Francisco. "Para esse trabalho temos dois barcos e dois aerobarcos e o treinamento é essencial", afirma.
O analista ambiental do Núcleo do IEF em Pirapora, Carlos Frederico Guimarães, responsável pela embarcação ‘Óia o Chico', observa que o treinamento ajudará na operação do barco que, no momento, está sofrendo reparos. O ‘Óia o Chico', que fará a fiscalização do trecho navegável do rio São Francisco, possui 16 metros de comprimento, duas lanchas e um laboratório interno. Para sua condução será realizado um novo curso, previsto para outubro.
Na região do Triângulo, a ação do IEF observa a pesca nas proximidades de barramentos como usinas hidrelétricas, onde os peixes tornam-se presas fáceis, especialmente na época da piracema, quando os peixes sobem o rio para se reproduzirem. Segundo o analista ambiental Leandro Gervásio de Oliveira, do Escritório Regional local, o rio Paraná é uma preocupação constante na região por ter um importante papel na etapa da reprodução dos peixes.
O Brasil é o país que possui a maior diversidade de peixes de água doce abrigando cerca de três mil espécies. Minas Gerais abriga 354 espécies, o que representa cerca de 12% do total encontrado no Brasil. A bacia do São Francisco apresenta o maior número de espécies do Estado, com cerca de 170, seguida da bacia do Paranaíba, com 103.
27/08/2007
Fonte: Ascom/Sisema