Foto: Emerson Gomes

O representante da Rede Ibero-americana, Fernando Carrera, explica que existem hoje seis redes mundiais com 70 bosques ao redor do mundo

 

A visita de um representante da Rede Ibero-americana de Bosques Modelo a Minas Gerais, nos dias 10 e 11 de dezembro, se insere no processo de retomada das discussões no Estado sobre as ações desenvolvidas nos dois territórios reconhecidos no Estado. O conceito foi implantado no Brasil, de forma inédita, em 2004, em Ouro Preto e em 2005 em Januária, com os Bosques Modelo da Mata Atlântica e do Rio Pandeiros, posteriormente ampliado para a área do Mosaico Sertão Veredas do Peruaçu.

 

Os bosques modelo surgiram no Canadá na década de 1980 a fim de orientar a gestão de suas áreas protegidas e conseguir o envolvimento da população do entorno com a geração de renda para os atores locais. O representante da Rede Ibero-americana, Fernando Carrera, explica que existem hoje seis redes mundiais com 70 bosques ao redor do mundo. “Na América Latina são 34 em 15 países e no Brasil são quatro, dos quais dois estão em Minas Gerais”, afirma.

 

Carrera observa que o conceito do bosque modelo é um processo social no qual os diferentes atores se associam de forma voluntária e com um compromisso com a sustentabilidade. “As pessoas se organizam e participam para permitir o uso correto dos recursos naturais, trabalhando para o desenvolvimento do território, observando a paisagem, governança e transferência de conhecimento”, explica.

 

Fernando Carrera explica que a visita a Minas Gerais é uma parte preparativa para reunião da Rede Ibero-americana que acontecerá em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, em maio de 2019. “É um trabalho para ver como estão os bosques por aqui (em Minas e no Brasil), para informar sobre os eventos da Rede pela América Latina e no Mundo e compartilhar as experiências”, afirma o engenheiro florestal peruano que mora na Costa Rica.

 

Brasil

 

A visita técnica da Rede Ibero-americana de Bosques Modelo começou na última segunda-feira, 10 de dezembro, com uma reunião entre a equipe técnica do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e Fernando Carrera, em Belo Horizonte. No dia 11, o grupo realizou uma  visita ao Bosque Modelo da Mata Atlântica, em Ouro Preto, no entorno da Floresta Estadual de Uaimií, especificamente no distrito de São Bartolomeu.

 

O gerente de Planejamento da Conservação de Ecossistemas do IEF, Leonardo Diniz Reis Silva, explica que o Instituto está retomando as discussões sobre a forma de gestão dos Bosques Modelo. “Um passo importante foi a participação da equipe técnica do Instituto na 29ª Reunião da Rede Ibero-americana, em junho de 2017, onde conhecemos outras experiências de gestão territorial”, observa.

 

O conceito de bosques modelo já está sendo incorporado em Minas Gerais em outros locais, como explica o analista ambiental do IEF, João Paulo Sarmento. “Tentamos agregar alguns dos conceitos de gestão territorial ao mosaico de unidades de conservação da Serra do Espinhaço, na região do Alto Jequitinhonha”, disse. “Os servidores já estão entendendo o modelo e assimilando seus princípios e sua concepção”, completa.

 

O primeiro território reconhecido pela Rede Ibero-americana de Bosques Modelo em Minas foi o da Mata Atlântica que está situado na maior parte da área de abrangência do bioma no Estado. Já o Bosque Modelo Mosaico Sertão Veredas do Peruaçu, resultado da ampliação do Bosque Pandeiros, reconhecido desde 2005, estende-se por aproximadamente 1,8 milhão de hectares em 11 municípios (em Minas Gerais: Arinos, Bonito de Minas, Chapada Gaúcha, Cônego Marinho, Formoso, Itacarambi, Januária, Manga, São João das Missões e Urucuia; na Bahia: em Cocos).

 

Emerson Gomes
Ascom/Sisema