Um equipamento que fornece informações mais precisas sobre a qualidade do ar, durante 24 horas por dia e durante todo o ano. Este é o mais novo investimento da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), que adquiriu o primeiro aparelho do Estado para medição automática do PM-2.5. O monitor tem capacidade de medir partículas com menos de 2,5 micrômetros de diâmetro, o equivalente a um milímetro dividido por mil. Seus resultados são armazenados a cada 15 minutos e, por isso, o equipamento oferece mais precisão em relação ao monitoramento das partículas presentes no ar.
O monitor PM-2.5 está na área da Prefeitura de Contagem e, segundo Elisete Gomides Dutra, Gerente de Gestão da Qualidade do Ar da Feam, os dados obtidos poderão ser acessados online a qualquer momento. Antes mesmo da instalação do equipamento automático, a Feam vem desenvolvendo a medição das partículas inaláveis de menor proporção. Desde janeiro, em uma parceria com Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), com verbas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), foi criado um projeto de pesquisa para identificar as partículas PM-2.5 com a utilização de equipamentos manuais colocados junto às estações de PM-10 em Belo Horizonte e Contagem.
De acordo com Elisete, os resultados deste tipo de aparelho são confiáveis mas, por serem cumulativos, só fornecem dados com a periodicidade de 24 horas. "O CDTN já está utilizando os dados coletados pelas estações manuais e no próximo mês já poderá fornecer os resultados. A intenção é identificar o que exatamente está no ar. A gente espera, por exemplo, que os resultados de Contagem sejam diferenciados dos de Belo Horizonte", afirma.
Apesar do uso do PM-2.5 já estar sendo feito tanto em Minas como em outros Estados, isso ocorre apenas em caráter de estudos, pois as informações oficiais da qualidade do ar no Brasil precisam seguir o PM-10, ou seja, devem ser consideradas partículas com menos de 10 micrômetros de diâmetro, como apontam os padrões fixados pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), por meio da Resolução 03/90.
De acordo com Elisete Gomides, deve haver mudanças na legislação do país. "A tendência é medir partículas mais finas, com 2,5 micrometros, no exterior esse valor já está sendo usado como uma regra normal. Mas uma discussão tem sido feita em conjunto, baseada na Organização Mundial de Saúde (OMS), e após uma identificação do que seria o ideal, devemos buscar estabelecer uma meta para frente. É importante que cada país defina seu padrão de acordo com fatores como a estrutura e o clima", diz.
Qualidade do ar
O monitoramento da qualidade do ar já é realizado constantemente pela Feam em 20 estações dentro do Estado, sendo metade delas na Região Metropolitana e as outras 10 no interior, em Pirapora, Itabira e Ipatinga. Nelas, estão instalados monitores de PM-10, analisadores de gases, sensores meteorológicos e sistemas de aquisição e transmissão dos dados. Em cada estação há cinco aparelhos e os parâmetros medidos por eles são: material particulado inalável, dióxido de enxofre (SO2), monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx), hidrocarbonetos (HC) e ozônio (O3).
Todos os dias são observadas as informações das 24 horas passadas e é feita uma comparação de acordo com os parâmetros do Conama. Em seguida, técnicos da Feam traduzem as informações da linguagem técnica, que trabalha com números, para níveis que podem ser facilmente entendidos pela população. Dessa forma, a qualidade do ar é classificada como ótima, boa, regular, inadequada (atenção), má (alerta), péssima (emergência) e crítica.
No caso de atingir um nível de inadequado a crítico, é preciso que os órgãos governamentais tomem providências. Elisete Gomides informa que o trabalho em Minas se restringe ao preventivo, pois ainda não houve nenhuma experiência de atingir níveis graves. "Algumas medidas que podem ser tomadas em caso de problemas na qualidade do ar já foram tomadas em outros Estados, como a instituição do rodízio de carros, a proibição do trânsito de caminhões no centro da cidade ou até o impedimento de que fábricas trabalhassem com potência máxima em determinado dia", exemplifica.
Ascom / Sisema