Semana do meio ambiente discute políticas públicas sobre mudanças climáticas

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Criado: Qua, 10 jun 2015 17:23 | Atualizado: Ter, 27 ago 2024 17:56


O gerente de Energia e Mudanças Climáticas da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Felipe Nunes, abriu o Seminário “As energias renováveis e as mudanças climáticas”, nesta terça (09/06), no Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), onde expôs os desafios de Minas para enfrentar os problemas gerados pelas bruscas mudanças climáticas do planeta.

O seminário faz parte da programação da Semana do Meio Ambiente 2015, promovida pela Feam. O Brasil tem como meta reduzir, até 2020, entre 36% e 39%, a emissão de gases deefeito estufa. Minas Gerais tem desenvolvido uma série de iniciativas nesse sentido, entre elas, o Plano de Energia e Mudanças Climáticas (PEMC). A primeira etapa do Plano foi desenvolvida em 2013 e 2014, com o levantamento de informações relacionadas às energias e mudanças climáticas no Estado.

A partir desse diagnóstico, foram elaboradas asDiretrizes e Ações Setoriais paramitigação das emissões de gases de efeito estufa dos setores de Energia, Transportes, Indústria, Agricultura, Florestas e Outros Usos do Solo (AFOLU) e Resíduos e o Plano de Adaptação e Recursos Naturais.

Além da redução dos gases, o PEMC tem, como principais focos, reduzir emissões de gases de efeito estufa, minimizar a vulnerabilidade do Estado às mudanças climáticas e, principalmente, desenvolver um trabalho transversal, dentro do governo estadual, que exigirá esforços de todas as Secretarias para que sejam atingidos os objetivos. Segundo Nunes, sem o trabalho conjunto das Secretarias e o investimento em políticas voltadas especificamente para a questão, não será possível atingir as metas. Mais que isso: Minas corre o risco de aumentar em 60% a emissão de gases até 2030.

A Plataforma Clima-Gerais foi apresentada por Morjana Moreira dos Anjos, também da Feam, que focou o trabalho a ser desenvolvido nos municípios mineiros. De acordo com Morjana, é vital identificar a taxa de vulnerabilidade de cada município para desenvolver ações mais efetivas de combate às mudanças climáticas.

A fim de promover a proximidade entre a Feam/municípios e otimizar os trabalhos conjuntos, a Fundação está implementando um processo de interatividade on line, conforme anunciou Morjana. O “Fundo para mudanças climáticas de Minas Gerais, uma parceria entre o BDMG e a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFG)” foi o tema da palestra de Juliana Assis.

 

Crédito:Janice Drumond
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O gerente de Energia e Mudanças Climáticas da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Felipe Nunes, em sua apresentação
 

No final de 2013, o BDMG firmou com a AFD um contrato de empréstimo no valor de 300 milhões de euros para incrementar projetos de mobilidade urbana, planos de energia e clima para, gestão de resíduos sólidos, resgate das áreas degradadas e desenvolvimento de polo tecnológico e aeronáutico.

Ao final do Seminário, Sandra Fernandes, representante da AFD, expôs a experiência bem sucedida da região Nord-Pas de Calais, na França, na sua recuperação ambiental e socioeconômica. Conforme Sandra, Nord-Pas de Calais enfrentou, na década de 1980, uma crise, sem precedentes, devido ao desenvolvimento não sustentável. Minas de carvão desapareceram; a indústria têxtil faliu, deixando 200 mil pessoas desempregadas; ¾ das siderurgias faliram e os estaleiros navais fecharam, agravando, ainda mais, o desemprego.

Para reverter a situação, o governo investiu em políticas voltadas para a inovação ambiental, com a criação de parques naturais regionais, reservas naturais e assinatura de acordos com diversos países e regiões do mundo, entre elas, Minas Gerais, que visam à economia do baixo carbono, processo que reduz o impacto energético e diminui os gases de efeito estufa no meio ambiente, dando, assim, impulso à sustentabilidade.

Sandra enfatizou que Nord-Pas de Calais e Minas possuem características geográficas, climáticas e socioeconômicas semelhantes e que a troca de experiência entre as duas regiões trará grandes benefícios ambientais, econômicos e para as populações de ambos.

 

Energias renováveis: solução para o presente e para as gerações futuras

O papel das energias renováveis no Brasil foi tema do painel que encerrou o primeiro dia.
 
O professor da Escola Superior Dom Helder Câmara, José Cláudio Junqueira, abriu o trabalho com a apresentação sobre as fontes renováveis e o licenciamento ambiental. O presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade Mineira de Engenharia (SME), Ailton Ricaldoni Lobo, abordou o papel da energia eólica. Já o analista da Cemig, Bruno Marciano, detalhou as perspectivas da energia solar fotovoltaica em Minas Gerais.
 
As fontes de energias renováveis - solar, eólica, biomassa, hidráulica, geotérmica marés - são essenciais para atender às demandas energéticas atuais e futuras, além de promover o desenvolvimento socioeconômico e preservar o meio-ambiente para as gerações futuras.
 
A assessora da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Zuleika Stela Chiachio Torquetti, abordou a importância de se superar as lacunas existentes entre as legislações ambiental e de geração de energia. Segundo Zuleika, para tanto, será fundamental que as políticas e ações envolvam todos os atores, não só aqueles que são diretamente responsáveis pela agenda ambiental.
 
Zuleika Torquetti observou que será necessária uma alteração os conceitos e procedimentos adotados por diversos órgãos governamentais envolvidos na promoção e controle para alavancar o uso das energias renováveis. “Em Minas Gerais, estamos no caminho de transição para estabelecer políticas de redução do gasto energético a longo prazo e adaptarmos as atividades econômicas e populações aos efeitos do aquecimento global”, afirma.
 
Ao final das apresentações, foi realizado um debate coordenado pela gestora ambiental da Semad, Mariana de Paula e Souza e moderado pelo analista ambiental da Feam, Wilson Pereira Barbosa Filho.

 

Romyna Lanza

Ascom/Sisema